Segundo a gestão do governador Helder Barbalho, as obras são essenciais para garantir serviços básicos à população
Moradores de bairros periféricos de Belém têm se deparado com ruas vazias e imóveis que estão sendo demolidos para dar lugar a obras de macrodrenagem, parte da preparação para a COP30, prevista para ocorrer em novembro.
Os trabalhos atingem ruas como Fé em Deus e Vitória, onde casas são demolidas e antigos lares dão lugar a áreas desertas.
Moradores locais confirmaram ao jornal Folha de S.Paulo que a ordem é abrir ruas e ajustar canais devido à COP30, que reunirá representantes de mais de 190 países pela primeira vez na Amazônia.
As intervenções, financiadas pelo BNDES com R$ 1 bilhão para 12 canais, incluem a reconstrução do canal Caraparu, no bairro Guamá.
Segundo o governo do Pará, 595 imóveis estão previstos para remoção nessa região, e parte dos moradores já teria recebido indenização.
No entanto, muitos reclamam que os valores são insuficientes diante do aumento no preço das casas na região.
“Eles deveriam indenizar todos os moradores antes de começarem as demolições”, disse um dos moradores à Folha. “É um risco muito grande. Eles metem as máquinas e a rua toda treme, as casas ficam abaladas.”
Governo do Pará assegura que as obras da COP30 são essenciais
Segundo a gestão do governador Helder Barbalho, a revitalização do canal Caraparu é essencial para garantir serviços básicos, como coleta de lixo, circulação de ambulâncias e policiamento.
O governo defende que as ocupações nas margens dos canais contribuem para alagamentos, prejudicando cerca de 300 mil moradores no entorno.
“As ocupações dos leitos e margens dos canais favorecem os alagamentos nos entornos, pois diminuem a área de vazão da água das chuvas”, afirmou o governo em nota.
Moradores relatam dificuldades com indenizações
Apesar das indenizações, famílias relatam dificuldades para encontrar novas moradias.
A queixa principal é o aumento do valor dos imóveis na região. Muitos moradores também reclamam da demora para o pagamento das indenizações.
“Depois que surgiu esse negócio de COP30, tudo aumentou”, afirmou uma moradora.
Em outro caso, uma moradora da passagem Vitória relatou dificuldades com o recebimento da indenização.
“A gente fica nessa agonia”, disse. “Eu quero uma casa que tenha pelo menos dois quartos, no Guamá, uma coisa do meu gosto. Mas não estamos achando”.
Muitos antigos moradores já migraram para bairros distantes ou cidades vizinhas.