Na segunda-feira, os presidentes de esquerda da Colômbia, Brasil, Chile e México prometeram fortalecer o “bloco progressista” latino-americano antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para 20 de janeiro de 2025.
Os presidentes Gustavo Petro (Colômbia), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Claudia Sheinbaum (México) e Gabriel Boric (Chile) fizeram o anúncio conjunto após uma reunião realizada paralelamente à cúpula anual do G20, sediada no Rio de Janeiro, Brasil, entre segunda e terça-feira.
Além de reforçar os laços entre os países governados pela esquerda na região, o bloco busca promover iniciativas e políticas conjuntas. Os líderes também concordaram em se reunir novamente antes de 20 de janeiro de 2025, como parte da preparação para a posse de Trump.
O presidente colombiano Gustavo Petro, principal articulador do grupo, declarou:
“Dialogamos de igual para igual com a América Latina, sem imposições,” destacando o compromisso do grupo com a “prosperidade social, combate à fome e promoção de energia limpa.”
Em suas redes sociais, Petro publicou uma foto do encontro, afirmando:
“Unir a América Latina em busca de sua dignidade. Conversamos sobre prosperidade social, luta contra a fome e energia limpa. Podemos construir um pacto das Américas baseado em igualdade e dignidade.”
Petro reforçou em outra publicação:
“Hoje, mais do que nunca: unidade.”
Lula, Sheinbaum e Boric compartilharam a mesma foto em suas redes sociais, destacando o propósito de união regional.
O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Murillo, afirmou que a reunião buscou fortalecer a coordenação entre os países progressistas, ressaltando que os quatro compartilham valores e objetivos comuns.
Segundo Murillo, a agenda discutida priorizou o desenvolvimento regional e global, abordando questões como migração.
“A única forma de evitar migração desordenada e insegura é investir em nossos países. Também foi proposto melhorar a infraestrutura e combater as redes criminosas que afetam a região,” explicou.
Murillo confirmou que os presidentes realizarão outro encontro, ainda sem data definida, para o qual outros líderes da região serão convidados.
“Outros países poderão participar de aspectos específicos desta agenda, enquanto os chanceleres trabalharão em um plano técnico e operacional para enriquecer as discussões presidenciais,” disse o ministro.
Outras alianças em formação
O anúncio do fortalecimento do “bloco progressista” ocorre cerca de uma semana após os presidentes de El Salvador, Nayib Bukele, e da Costa Rica, Rodrigo Chaves, declararem intenção de criar uma aliança entre pequenas nações com valores semelhantes, visando cooperação em áreas como segurança e economia. Essa coalizão, provisoriamente chamada de “Liga das Nações,” também buscará formular propostas de políticas conjuntas para o mundo e dialogar com a administração Trump.
Relações tensas com a Venezuela
O anúncio também ocorre semanas após o regime socialista da Venezuela ameaçar Colômbia e Brasil — seus vizinhos e principais aliados — devido à recusa de Petro e Lula em reconhecer Nicolás Maduro como o vencedor das eleições presidenciais venezuelanas de 28 de julho, consideradas fraudulentas.
Essas tensões colocaram em risco a “unidade” da chamada “maré rosa,” termo usado para descrever a série de vitórias eleitorais da esquerda na América Latina em 2022.
Notavelmente, as três ditaduras comunistas da região — Venezuela, Cuba e Nicarágua — aparentemente não foram convidadas para participar do primeiro encontro do “bloco progressista.”