Mercado ainda pesa cenário dos Estados Unidos, com relatório de emprego e expectativas sobre juros do Fed
O dólar apresenta leve alta nesta terça-feira (3), em meio à divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do terceiro trimestre e à cautela generalizada em torno do pacote fiscal do governo.
Os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) também são monitorados de perto, e o relatório de empregos Jolts é destaque na cena internacional.
Às 11h35, o dólar subia 0,33%, cotado a R$ 6,085, apagando as perdas de mais cedo. Já a Bolsa avançava 0,38%, aos 125.719 pontos.
A economia brasileira avançou 0,9% no terceiro trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, de acordo com dados divulgados nesta manhã pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado indica um crescimento menor em relação ao segundo trimestre, quando a alta foi de 1,4%. A desaceleração já era esperada, mas analistas consideravam que os dados ainda mostrariam uma economia forte.
A variação de 0,9% veio levemente acima da expectativa. Economistas esperavam alta de 0,8%, conforme a mediana das projeções coletadas pela agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,6% a 1,1%.
O diretor de Política Monetária e futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, previu na segunda-feira que pode ser necessário manter os juros altos por mais tempo.
“A economia está mais dinâmica, com desemprego em mínimos históricos e o real desvalorizado. Isso indica a necessidade de uma política monetária mais restritiva por mais tempo”, disse, durante evento com investidores promovido pela XP.
No início do mês, o BC decidiu intensificar o ritmo de alta e elevou a taxa em 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano. A manutenção de juros num patamar restritivo também já foi criticada por integrantes do governo, incluindo o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Galípolo comentou sobre os efeitos da política fiscal recente, sugerindo que ela pode ter impulsionado o consumo e, consequentemente, a inflação. “Talvez a progressividade da política fiscal tenha colocado mais dinheiro na mão de pessoas com propensão a gastar”, analisou. “E isso acabou se revelando num dinamismo superior ao que a gente imaginava.”
As medidas de ajuste fiscal propostas pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) têm gerado grande estresse no mercado e levaram o dólar a bater recordes na base nominal —a que desconsidera a inflação— por quatro sessões consecutivas. Na segunda, a moeda fechou em R$ 6,066.
Apresentado na quinta-feira passada, o pacote prevê uma economia de R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026, mas decepcionou os agentes financeiros por excluir ajustes de maior impacto nas contas públicas e por incluir a elevação para até R$ 5.000 na faixa de isenção do IR (Imposto de Renda), tendo como fonte a taxação de quem ganha acima de R$ 50 mil mensais.