Abu Mohammed al-Jolani já ocupou cargos de liderança nas facções Estado Islâmico e Al-Qaeda, grupos terroristas
Abu Mohammed al-Jolani é o responsável pela força rebelde HTS (Hayat Tahrir al-Sham), principal grupo opositor ao governo de Bashar al-Assad na Síria. Os seguidores de al-Jolani tomaram o controle da capital Damasco neste domingo (8.dez.2024), após o anúncio da fuga do presidente sírio.
Segundo a Al Jazeera, Abu Mohammed nasceu na cidade de Riad, Arábia Saudita, em 1982. O seu pai trabalhava como engenheiro em uma base de petróleo e era crítico ao governo da família Assad. Aos 7 anos, o criador do HTS se mudou com a família para a Síria, em uma província próxima à capital Damasco.
Em 2003, aos 14 anos, foi para o Iraque, chegando a ocupar cargos de liderança nas facções Estado Islâmico e Al-Qaeda. Em 2006, foi preso pelos EUA pela sua atuação nos grupos extremistas e permaneceu detido por 5 anos.
Em 2011, ele retornou à Síria com objetivo a filiar da al-Qaeda no país, o grupo “Frente Al Nusra”. No entanto, 2 anos depois, em 2013, al-Jolani saiu dos grupos para criar sua própria força rebelde fundamentalista islâmica, a HTS.
A sigla criada por Abu Mohammed é que é considera por ele “mais moderada” que as outras. No entanto, a ONU define o grupo como “terrorista”.
O muçulmano aparenta se preocupar no simbolismo da sua imagem, já que abandonou o turbante jihadista que usava no início da guerra civil e passou a vestir-se apenas com uniforme militar. Segundo a mídia síria, a tentativa é de se distanciar da imagem violenta dos grupos fundamentalistas.
Apesar as aparições públicas, o líder do HTS é procurado pelos EUA. O país oferece uma recompensa de 10 milhões pela sua captura.
Guerra santa
Dentre os diversos grupos armados sírios que lutam contra o regime de Al-Saad, o grupo islâmico fundamentalista HTS (Hayat Thrir al-Sham) destaca-se. A facção, filiada inicialmente à Al Qaeda do Iraque, possui ideologia jihadista, ou seja, que defende uma “guerra santa” para instituir a Sharia, a lei islâmica. O regime de Assad, por outro lado, é secular, ou seja, separa o governo da religião.
A professora de pós-graduação em Relações Internacionais da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais Rashmi Singh afirmou que o HTS surgiu no início da guerra civil síria como um braço da Al-Qaeda, tendo rompido com o grupo anos depois.
Para a especialista, a guerra no Líbano abriu uma oportunidade para a ofensiva contra o governo Assad, uma vez que o Hezbollah foi um dos principais aliados da Síria na luta contra esses grupos.
“O Hezbollah ficou enfraquecido depois que Israel entrou no Líbano. Vimos também ataques de Israel contra vários líderes militares iranianos na Síria. Isso forma uma grande parte da decisão de grupos como Hayat para entrar de novo em uma luta pela cidade do Aleppo”, disse.