Neste final de semana, o Papa Francisco presidiu a inauguração de um presépio no Vaticano que traz o Menino Jesus deitado sobre um keffiyeh, o tradicional lenço palestino usado como símbolo nacional.
“Saúdo a representação da Embaixada do Estado da Palestina, Palestina atormentada, que veio apresentar, em nome da Cidade de Belém, este ‘Presépio’, criado pelos artesãos de Belém”, disse o pontífice em seu discurso.
“Estendo uma calorosa acolhida às Autoridades civis e eclesiásticas presentes, em particular aos Representantes Especiais do presidente da Palestina, Mahmoud Abbas – que já esteve aqui várias vezes”, acrescentou o Papa.
Diante da cena do presépio, Francisco pediu que se lembrassem dos irmãos e irmãs que, “naquela região e em outras partes do mundo, sofrem a tragédia da guerra”. Ele acrescentou: “Com lágrimas nos olhos, elevemos nossa oração pela paz. Irmãos e irmãs, chega de guerra, chega de violência!”
O presépio decorado com o keffiyeh, exposto no Salão Paulo VI, faz parte de uma série intitulada “Presépio de Belém 2024”, projetada pelos artistas palestinos Johny Andonia e Faten Nastas Mitwasi. A criação foi organizada pelo Comitê Presidencial Superior para Assuntos da Igreja na Palestina, um órgão da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em parceria com a Embaixada da Palestina no Vaticano e instituições locais de Belém.
Durante a cerimônia de inauguração, o membro do comitê executivo da OLP, Ramzi Khouri, transmitiu “calorosas saudações” do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e expressou “profunda gratidão pelo apoio inabalável do Papa à causa palestina e seus esforços para acabar com a guerra em Gaza e promover a justiça”, conforme comunicado da OLP.
A inauguração deste presépio ocorre em meio a declarações recentes do Papa Francisco sobre o conflito em Gaza, que têm sido vistas como favoráveis aos palestinos e críticas a Israel.
Segundo o Wall Street Journal, em um editorial de 19 de novembro, “o Papa assumiu um lado na guerra entre Hamas e Israel”. O jornal criticou declarações do pontífice em que ele sugeriu que as ações de Israel em Gaza poderiam ser investigadas por especialistas internacionais para verificar se atendem à “definição técnica” de genocídio.
“De acordo com alguns especialistas, o que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio”, disse o Papa em seu livro-entrevista Hope Never Disappoints: Pilgrims Towards a Better World.
Essas palavras geraram reações contundentes, incluindo da Embaixada de Israel na Santa Sé, que rejeitou veementemente tal comparação. Em nota publicada no X (antigo Twitter), a embaixada declarou: “O massacre de 7 de outubro foi um massacre genocida contra o povo de Israel. Israel está agindo em conformidade com o direito internacional e em legítima defesa. Qualquer tentativa de nomear isso de outra forma é uma discriminação contra o Estado judeu.”
Da mesma forma, Edith Bruck, sobrevivente do Holocausto de 93 anos, criticou o Papa por sugerir que as ações de Israel em Gaza possam ser consideradas genocídio. “Genocídio é outra coisa. Quando um milhão de crianças são queimadas até a morte, aí você pode falar em genocídio”, disse Bruck ao jornal italiano La Repubblica.
Israel nega categoricamente qualquer acusação de genocídio, enfatizando que sua resposta é uma legítima defesa após o ataque de 7 de outubro de 2023, quando milhares de terroristas liderados pelo Hamas invadiram o sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns.
Uma resposta
E quanto aos ‘irmãos’ israelenses, que passaram pelas atrocidades no 7/10/23, não falou nada?
Esse ‘papa’ está bem próximo de ir ao encontro de Deus 🙏🏻