O presidente francês Emmanuel Macron está tentando formar uma nova coalizão de governo após o colapso de seu segundo gabinete este ano. As reuniões realizadas no Palácio do Eliseu com líderes de partidos liberais e de esquerda visam criar uma base de apoio coerente na Assembleia Nacional, que permanece dividida em três grandes blocos desde as controversas eleições legislativas antecipadas convocadas por Macron em julho.
Crise Política e Rejeição da Extrema Direita
Anteriormente, Macron buscou apoio da direita tradicional, os Republicanos, ao nomear Michel Barnier, ex-negociador do Brexit da União Europeia, como primeiro-ministro em setembro. Esse governo dependia do apoio condicional do partido Rassemblement National (RN), liderado por Marine Le Pen, maior força individual no parlamento francês.
No entanto, tensões surgiram após Barnier propor cortes na seguridade social e um orçamento com aumento de impostos, levando Le Pen a retirar o apoio de seu partido. A extrema direita, junto com a Frente Popular de Esquerda, apresentou e aprovou uma moção de desconfiança, resultando na queda do governo após apenas 91 dias, a gestão mais curta da história moderna da França.
Agora, Macron parece determinado a marginalizar politicamente Le Pen e o RN. Após uma reunião com o presidente, a líder do partido ecologista Écologistes, Marine Tondelier, declarou que Macron expressou a intenção de formar um governo sem depender do apoio do RN. “O presidente insistiu várias vezes no compromisso de não mais se colocar nas mãos do Rassemblement National”, disse Tondelier à imprensa.
Desafios para Construir uma Nova Coalizão
Com apenas cerca de 165 deputados leais a Macron e a exclusão dos 140 parlamentares comprometidos com Le Pen, o presidente dependeria de uma aliança com a Frente Popular de Esquerda para obter maioria no parlamento, que conta com 577 assentos. No entanto, há dúvidas sobre a disposição de ambos os lados em aceitar um primeiro-ministro do bloco oposto.
Além disso, a aliança entre os macronistas liberais e os elementos mais radicais da esquerda, como comunistas e seguidores de Jean-Luc Mélenchon, ex-candidato presidencial, é vista como altamente improvável. Essa falta de consenso prolonga a instabilidade política, enquanto Macron descartou a possibilidade de novas eleições legislativas antes do fim de seu mandato em 2027, afirmando sua intenção de permanecer no cargo.
Impacto para Le Pen e o RN
Caso Macron consiga formar uma coalizão com a esquerda e isole o RN, isso pode beneficiar politicamente o partido de Le Pen. Sem a necessidade de comprometer seus valores para participar do governo, o RN poderá responsabilizar Macron por medidas impopulares, como aumentos de impostos e austeridade fiscal, fortalecendo sua posição como oposição.
Enquanto isso, a França continua imersa em uma crise política, com um parlamento fragmentado e poucas perspectivas de estabilidade no curto prazo.