Rubens Barbosa, que foi embaixador do Brasil em Londres e Washington, diz que a proibição da devolução do passaporte do ex-presidente pode trazer “consequências políticas ao Brasil” com o novo governo Trump.
Rubens Barbosa, embaixador do Brasil em Londres (1994-1999) e em Washington (1999-2004), disse, em entrevista ao Jornal CBN nesta segunda-feira (20/1), que a proibição da devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro para que ele pudesse acompanhar a posse de Donald Trump nos Estados Unidos vai trazer “consequências políticas ao Brasil”.
O diplomata lembrou que a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que é controlada pelo Partido Republicano, criticou a decisão de Alexandre de Moraes e ainda teceu elogios ao ex-presidente brasileiro. “Jair Bolsonaro é um amigo da América e um patriota”, disse a Comissão.
Bolsonaro foi convidado para a posse de Trump, mas o Supremo manteve a decisão de reter o passaporte dele, inviabilizando a viagem para os Estados Unidos por considerar a “possibilidade de tentativa de evasão” do ex-presidente, investigado por envolvimento em uma suposta trama golpista.
Na avaliação de Rubens Barbosa, enquanto a oposição tem “contato estreito” com o entorno de Donald Trump, o governo brasileiro quase não se aproximou da equipe de transição do presidente eleito. “O governo brasileiro não atuou para abrir canais de comunicação depois da eleição de novembro”, frisou o ex-embaixador.
‘Nós não tivemos nenhuma ação do governo brasileiro de aproximação em um nível alto com as novas autoridades, como o Marco Rubio, ministro exterior americano. Nem com a área comercial ou agrícola, não se noticiou isso. O governo brasileiro não atuou de maneira a abrir canais de comunicação depois da eleição de novembro. Nós tivemos novembro, dezembro e agora 20 de janeiro e muito pouca coisa foi feita.’
Rubens Barbosa também avaliou o segundo mandato de Trump. “Impacto grande no cenário internacional e na sociedade norte-americano. Início de um novo momento global. Na primeira eleição, ele foi surpresa, sem tradição política e sem apoio explícito. Nesse segundo mandato, Trump vem com apoio político grande. O apoio não é só político, ele ganhou o voto popular majoritário, ganhou o voto no Colégio Eleitoral e ganhou a maioria da Câmara e do Senado.’ descreveu.
Rubens Barbosa ainda comenta que Marco Rubio provavelmente terá uma agenda muito forte em relação à esquerda na América Latina, começando com o México, depois com Cuba, Venezuela e Nicarágua, com o Brasil sendo afetado de alguma forma.