O Exército Brasileiro na contramão da modernidade

Na última semana o Comandante do Exército, General Tomás Miguel Miné Ribeiro de Paiva, ordenou que a Companhia de Precursores Paraquedistas fosse transformada em Batalhão Precursor.

Em sua ordem, Miné de Paiva afirma que a transformação “é decorrente do aumento das demandas operacionais da Bda Inf Pqdt, do Comando Militar do Leste (CML) e de outros Comandos Militares de Área (C Mil A) por uma tropa que tenha as capacidades próprias do especialista precursor, atuando em situações de guerra e não-guerra, dentro e fora do Território Nacional, em todo o espectro dos conflitos e nas operações de convergência.”

Mas vejamos, quais são essas capacidades próprias do especialista precursor?

No ano de 2018 o Exército publicou o “MANUAL TÉCNICO DO PRECURSOR PARAQUEDISTA”. Em seu item 1.6 aparece um portfólio de 22 capacidades. Ao procurar em outros manuais do Exército Brasileiro, dessas 22 capacidades outras 16 se repetem em manuais de diferentes naturezas, restando como “capacidades próprias do especialista precursor” apenas 6 capacidades, todas elas exclusivas da atividade paraquedista.

Segundo a coluna apurou com militares, existe um anseio grande por parte dos precursores em serem considerados integrantes das Operações Especiais do Exército Brasileiro. As capacidades das Operações Especiais, de acordo com a grade de manuais do Exército, não aparecem em outros documentos do Exército, sendo estas sim próprias dos integrantes das Operações Especiais.

Alguns militares mais antigos, da reserva e da ativa, costumam dizer que há uma rixa entre as Forças Especiais, conhecidas como Kids Pretos e recentemente envolvidas na suposta tentativa de golpe de estado, e os precursores paraquedistas. Isso decorre do fato da evolução das Forças Especiais do Exército Brasileiro, que em 50 anos cresceram vertiginosamente aumentando o número de quartéis e integrantes e com generais em diversas funções do exército, enquanto os precursores paraquedistas continuaram sendo apenas uma companhia da tradicional brigada paraquedista.

Com o advento de novas tecnologias nas aeronaves, a atividade de precursor paraquedista começou a ser extinta em diversos países pelo mundo. Nos Estados Unidos, a última unidade foi extinta em 2017 e os cursos fecharam as portas em 2020. Não há mais necessidade dessa especialidade no campo de batalha moderno de acordo com a forma como foi concebida. O mesmo ocorreu no Reino Unido.

Entretanto, de maneira surpreendente, o Exército Brasileiro, na contramão da evolução da arte da guerra amplia seus quartéis de precursores. Após criarem uma Companhia no Estado de São Paulo, agora transformaram a companhia de precursores paraquedistas da Brigada de Infantaria Paraquedistas, sediada no Rio de Janeiro, em Batalhão de Precursores.

Não por acaso, a última comissão do atual Comandante do Exército, o General Tomás Miné, foi comandar o Exército de São Paulo. Igualmente, a criação do novo Batalhão ocorre em meio à reestruturação das Operações Especiais, fruto de uma diretriz emitida, coincidentemente, após a pressão de órgãos da mídia e partidos políticos para extinção das Forças Especiais. O General Tomás Miné tentou entrar nas Operações Especiais quando era mais jovem. Após a frustrada tentativa seguiu para o plano b que foi ser Precursor. O mesmo ocorreu com seu filho e com seu genro.

Além desses fatos, a criação do novo quartel vai de encontro ao plano de racionalização do Exército que prevê a extinção de 10% do efetivo. Ao invés de reduzir quartéis, o Comando do Exército em desacordo com as tratativas políticas, aumenta seus soldados, sobrecarregando ainda mais a carga tributária e previdenciária que a sociedade tem que bancar os militares.

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