A três semanas das eleições alemãs, marcadas para 23 de fevereiro, uma nova pesquisa do Democracy Institute aterroriza a elite alemã ao situar a direita soberanista do AfD (Alternativa para a Alemanha) a apenas dois pontos da CDU, em uma eleição considerada “vital” para o conjunto da União Europeia.
Os dados mais recentes, divulgados pelo The Independent, mostram que a CDU alcançaria 27% dos votos e o AfD, 25%. Os socialistas de Olaf Scholz ocupam um distante terceiro lugar com 15%, logo à frente dos Verdes com 13%. Essa nova pesquisa confirma a tendência de crescimento do partido, que já vinha se consolidando como segunda força segundo pesquisa anterior do INSA.
Na pesquisa INSA, divulgada na quinta-feira passada, o AfD, que se apresenta como a única formação capaz de garantir a segurança e a prosperidade na Alemanha, alcançaria 22% dos votos contra 29% da CDU, que caía um ponto em relação à medição anterior. Especialistas em demoscopia já vinham insistindo no “voto oculto” que o AfD poderia ter, potencialmente elevando seu percentual para 23-24% dos votos.
O crescimento do AfD nas pesquisas ganhou ainda mais relevância após o partido apoiar duas moções da CDU a favor do endurecimento do asilo. A decisão provocou um autêntico terremoto político no país pelo “fim” do “cordão sanitário”. A situação foi tão grave que até a ex-chanceler Angela Merkel se manifestou, atacando o líder e candidato de seu partido, Friedrich Merz: “Acho que é um erro deixar (…) permitir pela primeira vez uma maioria com os votos do AfD em uma votação no Bundestag”, afirmou.
Em resposta às críticas, Merz afirmou que “vencerão” estas eleições “com um resultado muito bom” e que “nunca trabalharão junto com o AfD”. “Não haverá cooperação”, garantiu em um evento de seu partido em Berlim. O líder da CDU rejeitou firmemente as “acusações” de que a União quer estender a mão ao AfD.
Por sua vez, a candidata a chanceler pelo AfD, Alice Weidel, promete garantir a lei e a ordem, lembrando que a ausência do partido “tem um efeito particularmente devastador na política migratória”. “Devemos fortalecer o Estado de direito e aplicá-lo aos imigrantes ilegais”, insiste Weidel, que afirma que “o AfD está para proteger este país, para que volte a ser grande”, e garante que com Merz “nada mudará”.
A formação soberanista reitera que só com eles “se pode conseguir deter a imigração em massa e a deportação de delinquentes e imigrantes do país”, e se pode salvar a Alemanha. Merkel, por sua vez, manifestou que era “necessário” que os “partidos democráticos” atuem “juntos, além das fronteiras políticas”, sem “manobras táticas” e “com um tom moderado com base no direito europeu existente”.