Érica Viana foi a segunda vítima da ditadura do Judiciário brasileiro e permaneceu privada de liberdade por 386 dias, a mando de Moraes
Érica Viana de Souza foi presa no dia 16 de junho de 2016, no âmbito inquérito dos “atos antidemocráticos”. O responsável por determinar a detenção foi o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ela foi a segunda pessoa a ficar privada de liberdade em razão das investigações dos “atos antidemocráticos”. Dali por diante, Moraes assinou mais uma série de medidas questionáveis sob a justificativa de defesa da democracia.
A primeira pessoa foi Sara Winter, presa no dia anterior, por liderar o grupo “300 do Brasil”, responsável por uma série de protestos em Brasília contra a atuação do Judiciário. Érica Viana participou do acampamento na Praça dos Três Poderes. A prisão ocorreu quando ela se manifestava contra a detenção de Sara.
Desde então, viu a sua vida virar do avesso. Ficou 386 dias privada de liberdade, dos quais oito passou no presídio feminino do Distrito Federal, conhecido como Colmeia.
O restante do tempo, ficou em prisão domiciliar em Brasília, impedida de voltar a Campos dos Goytacazes (RJ), sua cidade, e de se comunicar com veículos de imprensa e com outros integrantes do movimento tido como “antidemocrático”.
“Voltar à normalidade foi impossível”, diz presa por Moraes
O arquivamento do inquérito dos “atos antidemocráticos” ocorreu em junho de 2021, resultando na soltura dos seus alvos, inclusive de Érica. Nesta segunda-feira, 10, ela conversou ao vivo com a jornalista Geisiane Freitas, apresentadora do Jornal da Oeste, e disse que foi vítima de “um abuso de autoridade de um ministro do STF”.
Ela relata que sofreu ameaças de morte, estupro, envenenamento e espancamento das outras presas e que chegou a pensar em suicídio. “Voltar à normalidade foi impossível”, disse. “Eu fui presa, torturada e quero reparação.”
Érica também se colocou à disposição para conversar com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que enviou uma equipe vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA) ao Brasil.
“Eu já passei pela dor da morte dos meus pais e de outras pessoas, mas a pior de todas foi a prisão, porque é como se você morresse”, relatou. “Ainda mais porque eu tinha ido para uma manifestação pacífica, democrática e, simplesmente, de repente, sem saber o porquê, eu me vi naquela situação.”
Uma resposta
Brasil virando uma Venezuela, desde 2019. Será tudo jogado no ventilador, com depoimentos e provas aos representantes da OEA. Tomara façam alguma coisa útil, embora eu reforce a ideia de que temos que começar a revolução INTERNAMENTE!