O desembargador aposentado Sebastião Coelho participou de reunião com o relator especial da OEA, Pedro Vaca
O desembargador aposentado Sebastião Coelho, que atua na defesa de presos do 8 de janeiro, afirmou nesta terça-feira (11) que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi “desmascarado” na reunião com o Pedro Vaca Villareal, relator especial para liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA). Ele participou do encontro acompanhado dos advogados dos presos do 8 de janeiro e de Daniel Silveira, além de familiares dos presos.
“O senhor Pedro sai dessa reunião com a certeza de que no Brasil, nós temos uma ditadura imposta pelo STF, tendo à frente o senhor ditador abusador Alexandre de Moraes”, disse em um vídeo publicado nas redes sociais.
Segundo Sebastião, foram apresentados na reunião “o relato real das vítimas, das pessoas que foram presas, torturadas, e dos advogados que tiveram a sua liberdade de expressão e seu direito de defesa cerceado pelo STF”. Na ocasião, o desembargador pediu ao relator da CIDH que visite o ex-deputado Daniel Silveira e Filipe Martins, por ambos estarem presos e censurados.
“Ele [Pedro Vaca] teve a oportunidade de conhecer a verdade do que está acontecendo no Brasil. Se ele não se comover com essa verdade, então seria uma desesperança. Mas eu creio que sim”, afirmou Sebastião.
“Sangue nas mãos”
Ainda no diálogo com o Pedro Vaca, Sebastião Coelho também afirmou que “há sangue nas mãos” do ministro Alexandre de Moraes, em referência a morte do Cleriston Pereira, o Clezão, preso do 8/1 que morreu vítima de mal súbito na Papuda, em 2023.
O desembargador aposentado ressaltou que houve uma “inércia” do STF na morte de Clezão, que completou um ano no dia 20 de novembro de 2024. Segundo ele, foram apresentados laudos médicos que comprovaram os problemas de saúde do Clezão, mas o ministro Alexandre de Moraes não levou em conta.
Clezão sempre negou ter cometido crimes dos quais era acusado. Ele estava em prisão preventiva, há mais de 10 meses, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, após ser preso no Senado no dia das manifestações.
Nos autos, não constam provas das acusações feitas contra ele pelo Ministério Público Federal e acatadas por Moraes
Nos pedidos de liberdade, aos quais a Gazeta do Povo teve acesso e Moraes negou, os advogados alertavam sobre a situação de saúde do empresário e apontavam a “situação insalubre e degradante” do sistema carcerário onde o réu se encontrava preso.
Ao relator da OEA, a filha de Clezão, Luiza Cunha, também denunciou o caso do pai como tortura. “Meu pai foi morto injustamente e torturado na cadeia. Meu pai não é criminoso. É um homem íntegro, bondoso e exemplo de brasileiro. Minha família não merece isso. Estamos [sendo] torturados até hoje. Não é fácil viver isso no Brasil. Por favor, nos ajude”, declarou.