O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), repreendeu os deputados da base do governo e da oposição, nesta quarta-feira (19), que estavam gritando “sem anistia” e “Lula ladrão” no plenário. Deputados do PT e do PL trocaram acusações e se manifestaram sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No momento da confusão, a 3ª secretária da Mesa Diretora, deputada Delegada Katarina (PSD-SE), presidia a sessão, enquanto Motta atendia parlamentares no gabinete. Katarina precisou interromper as votações diante do tumulto e, pouco depois, Motta voltou ao plenário e subiu o tom e disse que a Câmara “não é o jardim de infância”.
“Entendo o ambiente turbulento político que o país enfrenta diante dos últimos acontecimentos, mas eu quero dizer as vossas excelências. Se vossas excelências estão confundindo esse presidente, com uma pessoa paciente, serena, com um presidente frouxo, vocês ainda não me conhecem”, disse Motta no início da bronca.
“Aqui não é o jardim da infância, nem muito menos um lugar para uma espetacularização que denigra a imagem dessa Casa. Eu não aceitarei esse tipo de comportamento”, ressaltou.
Motta promete ser “mais combativo” que Lira
O presidente da Câmara ameaçou acionar o Conselho de Ética contra parlamentares que desrespeitarem colegas. Ele também alertou que é “mais combativo” que seu antecessor, o deputado Arthur Lira (PP-AL).
“Segundo ponto: agressões aqui. Nós já tivemos aqui episódios tristes durante esses primeiros dois anos. O presidente Arthur Lira foi combativo, nós seremos um pouco mais. A presidência assumirá a responsabilidade. Se o parlamentar aqui desrespeitar o colega, da própria presidência vai acioná-lo no Conselho de Ética e fazer cumprir todas as medidas restritivas da Casa”, disse.
“E não me venham depois cobrar uma mudança de comportamento, porque não terá. Nós não retrocederemos nisso. Quem estiver aqui preocupado em agredir colega para aparecer, não terá desta presidência”, emendou.
Motta também proibiu a entrada de cartazes no plenário. “Esta não é uma Casa de torcida, é uma Casa de parlamentares que têm o poder da fala, de propor projetos e defender suas ideias”, reforçou.
“O presidente está aqui para garantir a ordem. Não vamos permitir que esse ambiente [político] prejudique a nossa convivência. Não estou aqui para dizer o que cada deputado deve ou não defender, mas estou aqui para garantir que o regimento será cumprido, e o presidente saberá exercer o poder dessa presidência, se necessário for. Os senhores saibam de uma coisa, eu não compactuar com atitudes e gestos de desrespeito dentro desta Casa como essas”, frisou.