Áudios de oficiais que queriam impedir posse de Lula mostram frustração com Bolsonaro e Alto Comando

Áudios de WhatsApp obtidos pela Polícia Federal (PF) e vazados para o Fantástico mostram conversas entre oficiais que queriam uma ação de Jair Bolsonaro e do Alto Comando para impedir a posse de Lula. Nos áudios, fica claro que eles não conseguiram apoio.

Numa das conversas, um interlocutor não identificado pressiona o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, então comandante das Operações Terrestres do Exército, em Brasília: “O povo tá nas ruas, pedindo pra que haja outra eleição. Só quem tem quatro estrelas no ombro não tá vendo isso?”

Em resposta, Almeida diz: “A gente não sai das quatro linhas. Vai ter uma hora que vai ter que sair.”

Outro trecho mostra o general Mário Fernandes, preso desde novembro de 2023, pedindo ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que intercedesse junto ao então presidente para impedir a atuação da Polícia Federal (PF) contra caminhoneiros:

“Se o presidente pudesse dar um input ali pro Ministério da Justiça, pra segurar a PF.”

Em outro áudio, o coronel George Hobert Oliveira Lisboa, então assessor da Secretaria-Geral da Presidência, lamenta a falta de apoio dos comandantes: “O Alto Comando do Exército tá se fechando. Pensam na instituição, quando deveriam pensar no Brasil.”

Sobre o decreto de Estado de Defesa, baseado numa interpretação do artigo 142, o tenente-coronel Sérgio Cavaliere diz ao coronel Gustavo Gomes: “Acabei de falar com o Cid. Tá pronto, só que ele não vai assinar porque o Alto Comando rachou e não quer encampar a ideia.”

Em outro áudio, o coronel Bernardo Corrêa Netto revela a preocupação de Bolsonaro com sua prisão: “O presidente só faria (o decreto) se tivesse apoio das Forças Armadas, porque ele tá com medo de ser preso.”

Os advogados do general Mário Fernandes afirmam que ainda não tiveram acesso completo ao material e que a denúncia apresenta “trechos desconexos”. A defesa de Mauro Cid não se manifestou, e os demais citados não foram encontrados para comentar.

Na última semana, Bolsonaro e outras 33 pessoas foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe.

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