O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou nesta terça que irá se licenciar do mandato de deputado federal para permanecer nos Estados Unidos buscando apoio para punir o que chama de “violadores dos direitos humanos”.
O anúncio foi feito em um vídeo publicado nas redes sociais em que diz estar engajado em cumprir uma “missão” contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com ele, o licenciamento do mandato será temporário e não remunerado.
“Para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e sua Gestapo da Polícia Federal merecem”, disse.
Leia na íntegra as falas de Eduardo no vídeo postado:
Tornei-me deputado para representar o povo paulista no melhor interesse da minha nação. O que o ministro da Suprema Corte, Alexandre de Moraes, e os seus cúmplices estão tentando fazer é usar justamente o meu mandato como cabresto, como ferramenta de chantagem e coação do regime de exceção. Como instrumento para me prender e impedir que eu represente os melhores interesses para o meu país.
Seria mais confortável ficar quieto, recebendo um excelente salário e fingindo defender os paulistas e meus irmãos brasileiros, do que enfrentar esse sistema covarde e desumano. Mas eu não aceitei esse chamado para ter conforto ou comodidade. Eu aceitei esse chamado para defender os valores da nossa civilização. Aceitei essa vocação como um compromisso não só com a minha família e a minha nação, mas como uma aliança com Deus. Um voto de lealdade que apenas um homem com caráter e fé pode entender.
Não irei me acovardar, não irei me submeter ao regime de exceção e aos seus truques sujos. Assim sendo, da mesma forma que eu assumi o mandato parlamentar para representar a minha nação, eu abdico temporariamente dele para seguir bem representando esses milhões de irmãos de pátria que me incumbiram dessa nobre missão.
Irei me licenciar sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua gestapo da Polícia Federal merecem.
Vocês, homens de geleia, pequenos e vaidosos, não estão acostumados a lidar como homens de convicção. Acharam que iam me chantagear com os benefícios e regalias do cargo. Não poderiam errar mais miseravelmente. Os melhores parlamentares, verdadeiramente vocacionados, não são figuras caricatas apegadas aos títulos da burocracia.
Abro mão de cabeça erguida de toda essa pompa para seguir firme na minha missão de trazer justiça para todos os tiranos, violadores de direitos humanos mais básicos. Eu estou falando de vocês, os psicopatas que prenderam mães de família, idosas, trabalhadores e todo tipo de pessoa comum e inocente.
Irei abraçar esse sacrifício com entusiasmo. Focarei 100% do meu tempo nessa única causa. Fazer justiça. criaram um ambiente para amistiar os reféns de 8 de janeiro e demais perseguidos que fizeram parte do governo Bolsonaro, que estão pagando o preço da crueldade de um psicopata que sonha em prender Jair Bolsonaro e, imagina ele, que assim vá exterminar o maior movimento popular que a minha geração já testemunhou, o liderado pelo nosso eterno presidente Jair Messias Bolsonaro.
Também não descansarei até construir o cenário internacional que permita eleições limpas, transparentes e com ampla participação da oposição. Não existe democracia num país que age como a Suprema Corte da Romênia ou a narco-ditadura da Venezuela de Nicolás Maduro, onde os líderes da oposição, que arrastam multidões nas ruas, sejam impedidos de concorrer por conta de eufemismos desavergonhados de tiranos.
Ressalto que a minha posição de deputado federal, ainda mais tendo sido o mais votado de toda a história do Brasil, bem como filho do presidente mais popular da história recente do país, me facilitava, sim, a abertura de portas internacionais. No entanto, essas portas já estão abertas. Agora, necessito de tempo e dedicação integral para seguir trabalhando e representando não só os paulistas, mas todos os brasileiros.
Nessa jornada, só tenho a agradecer a Deus. Um filme passa na minha mente e entendo quão extraordinária é a providência divina. Poucos sabem disso, mas no mesmo dia que os deputados do PT peticionaram a PGR requisitando apreender o meu passaporte, em 27 de fevereiro, eu estava voando com a minha família para os Estados Unidos, num voo que eu havia comprado poucos dias antes.
Provavelmente, nem o PT e nem Alexandre de Moraes esperavam que eu fosse passar o feriado de carnaval fora do Brasil, já que eu havia recém-retornado de minha viagem dos Estados Unidos dois dias antes, em 25 de fevereiro. Eu não tenho nenhuma dúvida que Deus, em sua infinita sabedoria e bondade, protegeu a mim e a minha família para que a minha missão de trazer justiça não fosse interrompida por esquemas e planinhos dos canalhas de ocasião.
Dessa maneira, nunca imaginei que eu faria uma mala de sete dias para não mais retornar para minha casa. Mas hoje, vejo com clareza que Deus está me mostrando o caminho. Tenho certeza que o meu eleitor também entende que o meu trabalho, nesse momento, é muito mais importante aqui nos Estados Unidos do que no Brasil. Como defendia o professor Olavo de Carvalho, não se combate uma ditadura vivendo dentro dela.
Todos no Brasil sabem que Alexandre de Moraes é capaz de fazer qualquer coisa, ainda que notoriamente ilegal ou inconstitucional, mesmo que existe um parecer contrário da PGR, como, aliás, ele já fez no passado. Falando em PGR, Moraes deu prazo para o procurador-geral de cinco dias para responder a um simples sim ou não acerca da apreensão do meu passaporte. Porém, já se passaram mais de 18 dias e nada do senhor Paulo Gonê responder.
Seria ultrajante, mas na atual democracia relativa brasileira, ninguém poderia se dizer surpreso com a apreensão do passaporte de um deputado e até mesmo a sua prisão sem motivo. Ao bem da verdade, fatos muito piores já ocorreram, como a morte na cadeia do Clezão, a condenação a quase nove anos de cadeia do deputado federal Daniel Silveira, que recebeu indulto do então presidente Jair Bolsonaro e, pela primeira vez na história do país, o indulto foi covardemente cancelado pelo STF.
As prisões preventivas e injustificadas de Felipe Martins, Anderson Torres, Silvinei Vasques e vários outros assim como as condenações a até 17 anos de prisão de senhorinhas como Iracina Agosti, de 71 anos de idade, ou a cabeleireira e mãe Débora Rodrigues dos Santos, presa por ter escrito de batom numa estátua a mesma frase dita pelo ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, abre aspas, perdeu o mané, fecha aspas.
Quem, em sã consciência, pode esperar algum tipo de pudor ou moralidade de um regime de exceção? Como alguém pode esperar a justiça vinda de um pedido para prender o meu passaporte, feita por deputados do PT e encaminhado diretamente para as mãos do Alexandre de Moraes, sem sorteio ou distribuição? Ou seja, Serei julgado por um inimigo declarado, pela mesma pessoa que eu tenho denunciado aqui no exterior. Serei julgado, de acordo com o juiz Marco Antônio, assessor de morais, pelo cara que quer me pergar de qualquer forma. Lembram dos artigos do Glenn Greenwald? Esta é a pessoa que está me inserindo criminosamente no processo de golpe de estarro da Disneylândia, também conhecido como golpe de 8 de janeiro.
Certamente não é fácil me afastar temporariamente do cargo de deputado federal. Não é fácil saber que o meu pai pode ser injustamente preso e talvez eu jamais tenha a chance de reencontrá-lo pessoalmente de novo. Não tenho dúvida que o plano dos nossos inimigos é encarcerá-lo para assassiná-lo na prisão ou deixá-lo lá perpetuamente, assim como aconteceria com Donald Trump caso não tivesse sido reeleito agora em 2024.
Contudo, a vida é feita de decisões e sacrifícios. Se esse é o plano de Deus para a minha vida, entrego-me de corpo e alma, para que eu possa ser um instrumento de sua vontade, para que eu possa ser mais útil na libertação do meu país, para que eu possa parar a sanha totalitária de um psicopata sem limites. Sim, eu aceito esse sacrifício com honra. Vou morar longe dos meus amigos, dos meus familiares, da minha pátria, mas não descansarei até que a justiça seja feita e a minha nação seja libertada.
Se Alexandre de Moraes quer apreender o meu passaporte ou mesmo me prender para que eu não possa mais denunciar os seus crimes nos Estados Unidos, então é justamente aqui que eu vou ficar e trabalhar mais do que nunca. Alexandre, a minha meta de vida será fazer você pagar por toda a sua crueldade com pessoas inocentes. Estarei focado integralmente nesse objetivo. Só retornarei quando você estiver devidamente punido pelos seus crimes, pelo seu abuso de autoridade.
Finalizo comunicando ainda que, graças ao excelente trabalho desempenhado pelo líder do PL, o deputado Sóstenes Cavalcanti, que não se dobrou às pressões do PT, e também pela retidão e compromisso com a legalidade do presidente da Câmara, deputado Hugo Mota, que no meu lugar será nomeado o deputado federal gaúcho Zucco para a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Ele irá me ajudar institucionalmente a manter essa ponte com o governo Trump e o bom relacionamento com países democráticos e desenvolvidos.
Juntos, nós iremos trabalhar na mais sagrada missão que um parlamentar pode ter, que é a de resgatar liberdades perdidas para o nosso Brasil. Que o mundo livre possa nos ajudar a manter viva essa nobre causa. Deus abençoe o Brasil e me dê os meios para cumprir a minha missão. Conto com o apoio de todos vocês que, assim como eu, travam essa honrada batalha pela liberdade.
Deus, pátria, família e liberdade. Deus abençoe o Brasil. Deus abençoe a América.