Em uma entrevista de pouco mais de 30 minutos concedida ao canal do YouTube do Poder360, o ex-presidente e fundador do partido Novo, o empresário João Amoêdo, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conduz um governo “medíocre” e faz um “trabalho ruim”. Embora tenha apoiado Lula no segundo turno das eleições de 2022, Amoêdo criticou a falta de renovação e de iniciativa do chefe do Executivo, especialmente na área econômica.
Para ele, a política fiscal tem sido negligenciada, o que contribui para um cenário de juros altos e perda do poder de compra da população. “A pauta da responsabilidade fiscal, fundamental para combater a inflação, foi deixada de lado. Nunca teve prioridade por parte do governo”, afirmou.
Amoêdo ressaltou que os problemas do governo vão além da comunicação, sendo, segundo ele, de “conteúdo”. “Lula fez pouca coisa. Está ainda falando sobre temas antigos”, avaliou ao criticar falta de atualização do presidente.
Apesar das críticas, o ex-dirigente do Novo elogiou o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacando que ele “age de forma transparente”, dentro das limitações impostas. No entanto, afirmou que Haddad é frequentemente “sabotado” pelo próprio presidente e por integrantes do PT. “Haddad tem sido alvo de críticas internas e encontra dificuldade para avançar em propostas”, disse.
João Amoêdo também sugeriu duas medidas para melhorar a gestão: que Lula anuncie publicamente que este será seu último mandato e que aproveite oportunidades comerciais criadas por mudanças na política tarifária dos Estados Unidos. Apesar disso, disse não acreditar que o presidente siga essas sugestões.
Amoêdo fala sobre seu voto em Lula e a saída do Novo
Amoêdo explicou que decidiu deixar o Novo em 2022 após o partido, segundo ele, se aproximar de Jair Bolsonaro por motivos eleitorais. Sua filiação foi suspensa após anunciar voto em Lula. “O Novo era uma esperança de renovação na política brasileira, mas perdeu isso. Hoje, não há ninguém no partido que eu admire”, declarou.
Sobre seu apoio a Lula, Amoêdo reiterou que não se arrepende e disse ser “um voto necessário naquele momento”. Durante a entrevista, Amoêdo também falou sobre temas de interesse público. Sobre o aborto defendeu uma discussão conduzida pelo Congresso, e que aceitaria a decisão da maioria parlamentar.
Ele também falou sobre cotas raciais e sociais. Disse que manteria o sistema de cotas, mas com reavaliação de sua eficácia. Em sua visão, muitas não fazem sentido atualmente.
Falou ainda sobre a necessidade de privatização de estatais, como a Petrobras e a Caixa, argumentando que o governo não deveria gerir empresas dessa natureza e defendeu maior flexibilidade nas leis trabalhistas. Amoêdo acredita que isso estimularia o mercado e beneficia o trabalhador. Sobre a PEC da escala 6×1 avaliou que o Brasil ainda não tem condições de adotar esse modelo, pois seria inviável diante da produtividade atual.
Crédito Gazeta do Povo