Zelensky rejeita plano de paz proposto por Trump; Vance alerta que os EUA vão “desistir” se não houver acordo

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, rejeitou o esboço do plano de paz supostamente proposto pela administração Trump, que congelaria as linhas do conflito e reconheceria a Crimeia como território russo.

As negociações de paz planejadas para esta quarta-feira em Londres foram rebaixadas, à medida que se tornava evidente que ainda há grandes divergências sobre como deveria ser o fim aceitável da guerra.

Segundo relatos, na semana passada, em Paris, negociadores dos Estados Unidos apresentaram um esboço de acordo para encerrar o conflito, que incluiria o reconhecimento “de jure” por parte dos EUA da posse da Crimeia pela Rússia — região que Moscou controla desde 2014 e que tradicionalmente pertence à esfera de influência russa.

Em troca, o Kremlin teria que concordar em congelar a linha de frente atual. Embora Vladimir Putin afirme que as quatro províncias do leste da Ucrânia — Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia — pertencem legitimamente à Rússia, com base em referendos contestados realizados nessas regiões, o exército russo ainda não capturou completamente todos os territórios dessas províncias disputadas.

Assim, o acordo implicaria que a Rússia teria que ceder territórios que considera seus à Ucrânia. O jornal Financial Times informou que Vladimir Putin estaria aberto a tal proposta; no entanto, o Kremlin ainda não confirmou essa posição.

Apesar de o exército ucraniano não ter conseguido retomar a Crimeia na última década — nem as quatro províncias ocupadas nos últimos três anos —, o presidente Zelensky declarou, na noite de terça-feira, que ceder qualquer território está fora de questão, dizendo:
“Não há o que se discutir — é nossa terra, terra do povo ucraniano.”

Falando na Índia nesta quarta-feira, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou que “ucranianos e russos terão que abrir mão de parte dos territórios que atualmente controlam” para que um acordo seja possível. Caso contrário, advertiu o vice-presidente, os Estados Unidos estão dispostos a se retirar das negociações.

“Fizemos uma proposta muito clara tanto aos russos quanto aos ucranianos, e agora é hora de eles dizerem ‘sim’ ou então os Estados Unidos sairão deste processo,” disse Vance.

De acordo com o site Axios, a “oferta final” apresentada a Kyiv e Moscou também incluiria o compromisso de que a Ucrânia não se tornaria membro da aliança militar liderada pelos EUA, a OTAN. No entanto, o acordo permitiria que a Ucrânia ingressasse na União Europeia.

O acordo também ofereceria à Rússia “cooperação econômica ampliada com os EUA, especialmente nos setores de energia e indústria”, segundo o veículo.

Por fim, as sanções impostas a Moscou desde 2014 seriam suspensas. Além de obter o acordo de Kyiv e Moscou para tais termos, os europeus provavelmente também teriam que concordar, dada a extensão do regime de sanções da UE contra a Rússia e a retenção de centenas de bilhões em ativos financeiros russos, cujo retorno Moscou tem exigido.

Ainda assim, o ponto pode ser irrelevante enquanto a Ucrânia se recusar a aceitar o esboço. Kyiv afirmou que um cessar-fogo de 30 dias deve ser o pré-requisito para qualquer negociação, embora tenha acusado a Rússia de usar cinicamente o cessar-fogo da Páscoa para avançar posições militares e continuar atacando alvos ucranianos.

A Ucrânia frequentemente argumenta que qualquer acordo de paz com a Rússia não seria confiável. A vice-primeira-ministra Yuliia Svyrydenko afirmou nesta quarta-feira:
“Não haverá acordo que forneça à Rússia as bases mais fortes de que precisa para se reagrupar e voltar com maior violência.”

Respondendo a Zelensky, o presidente dos EUA, Donald Trump, publicou na rede Truth Social na tarde de quarta-feira, escrevendo que os comentários de Zelensky foram “muito prejudiciais” às negociações de paz com a Rússia.

“A Crimeia foi perdida anos atrás, sob os auspícios do presidente Barack Hussein Obama, e nem sequer é um ponto de discussão. Ninguém está pedindo que Zelensky reconheça a Crimeia como território russo, mas, se ele a quer, por que não lutaram por ela onze anos atrás, quando foi entregue à Rússia sem um tiro sequer ser disparado?”

“A área também abriga, por muitos anos antes da ‘entrega feita por Obama’, importantes bases de submarinos russos. São declarações inflamadas como as de Zelensky que tornam tão difícil resolver esta guerra. Ele não tem nada para se vangloriar! A situação da Ucrânia é desesperadora — ele pode ter paz ou pode continuar lutando por mais três anos até perder o país inteiro. Eu não tenho nada a ver com a Rússia, mas tenho muito a ver com salvar, em média, cinco mil soldados russos e ucranianos por semana, que estão morrendo por motivo nenhum.”

“A declaração feita por Zelensky hoje não fará nada além de prolongar o ‘campo de matança’, e ninguém quer isso! Estamos muito perto de um acordo, mas o homem que ‘não tem cartas na mão’ deveria agora, finalmente, RESOLVER ISSO. Espero poder ajudar a Ucrânia e a Rússia a saírem dessa BAGUNÇA COMPLETA E TOTAL, que jamais teria começado se eu fosse o presidente!”

Crédito BreitBart

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