Uma vasta investigação da Polícia Federal (PF) expôs um esquema bilionário de fraudes e desvios de recursos de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), com prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. No centro da operação, a PF aponta Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, como o principal “facilitador” das transações ilícitas.
De acordo com o inquérito policial, Antunes movimentou R$ 9,3 milhões entre 2023 e 2024 para pessoas ligadas a servidores do próprio INSS. A análise detalhada das transações financeiras revelou uma complexa rede de empresas e indivíduos atuando de forma coordenada para desviar os fundos, utilizando intrincados mecanismos de envio e recebimento de valores.
A investigação da PF detalha o envolvimento de familiares de importantes figuras do INSS no esquema. Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do procurador-geral do INSS afastado, Virgílio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, teria recebido R$ 7,5 milhões de Antunes. Destes, R$ 3,7 milhões foram destinados à sua empresa “Curitiba Consultoria em Serviços Médicos S/A”, apontada como a principal beneficiária dos repasses do lobista. Outra empresa de Thaisa, a THJ Consultoria, também recebeu R$ 3,8 milhões de intermediários ligados às associações investigadas entre 2023 e 2024. Além disso, um veículo Porsche Taycan 2022, pertencente a Antonio Carlos Antunes, passou a ser utilizado pela esposa do procurador afastado.
O filho do ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS, André Paulo Felix Fidelis, o advogado Eric Douglas Martins Fidelis, também figura na investigação, com seu escritório de advocacia tendo recebido R$ 1,5 milhão. O inquérito aponta que, ao todo, pessoas físicas e jurídicas relacionadas a André Paulo Félix Fidelis receberam R$ 5.186.205,41 de empresas intermediárias ligadas às entidades associativas sob investigação.
Outro nome de destaque é o do ex-Diretor de Governança, Planejamento e Inovação do INSS, Alexandre Guimarães, que recebeu diretamente de Antonio Carlos Antunes a quantia de R$ 313 mil. A irmã de Virgílio Oliveira Filho, Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira, também está sob investigação, com sua empresa tendo recebido R$ 630 mil do escritório de advocacia de Cecília Rodrigues Mota.
A PF considera a advogada Cecília Rodrigues Mota uma operadora financeira crucial no esquema, devido à sua posição estratégica e ao fato de ter presidido duas associações simultaneamente entre 2017 e 2020. As investigações apontam que essas associações cadastravam beneficiários do INSS sem autorização, utilizando assinaturas falsas para descontar mensalidades diretamente dos pagamentos de aposentadorias e pensões.
Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, é descrito pela PF como um consultor para diversas entidades que firmaram acordos de cooperação técnica com o INSS, desempenhando um papel central na facilitação dos descontos indevidos.
Crédito Aliados Brasil