Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, e Fábio Wajngarten negaram qualquer tentativa de obter informações sobre a delação de Mauro Cid.
O advogado Paulo Cunha Bueno, defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e o ex-assessor Fábio Wajngarten disseram à Polícia Federal nesta terça-feira (1º) que não tentaram obter informações sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou as oitivas após a família de Cid relatar que teria sido abordada pelos defensores. Os dois negaram qualquer medida para obstruir a investigação.
Bueno enviou um esclarecimento formal por escrito ao STF na segunda-feira (30) e solicitou a dispensa do depoimento, porém Moraes rejeitou o pedido. Bueno foi ouvido nesta tarde, mas deixou a sede da PF sem falar com a imprensa. A oitiva ocorreu no âmbito do inquérito que investiga o ex-assessor de Bolsonaro, coronel Marcelo Câmara, e seu advogado, Eduardo Kuntz, por supostos contatos com o tenente-coronel.
Na semana passada, a defesa de Cid entregou aos investigadores um relato de Agnes Barbosa Cid, mãe do militar, sobre um encontro com Kuntz e Bueno durante uma competição da neta realizada na Hípica de São Paulo.
“Naquele momento não perguntaram nada sobre a colaboração, até porque também eu não saberia. Porém, se ofereceram para que eu falasse com Mauro que eles poderiam defendê-lo e que eram amigos. Diziam que estávamos juntos e que tínhamos que trocar de advogado”, afirmou a mãe de Cid.
Bueno explicou que é um “aficionado por concursos hípicos” e disse ao STF que esteve “brevemente” com familiares de Cid durante o Torneio Indoor na Sociedade Hípica Paulista, realizado entre os dias 22 e 27 de agosto de 2023. Na ocasião, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro já estava preso há 3 meses.
Segundo o documento, o general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel, pediu ajuda a Wajngarten para inscrever a neta na competição de hipismo. Em seguida, Wajngarten pediu a Bueno para viabilizar a solitação do general. O advogado de Bolsonaro afirmou que, “a despeito de não conhecer e nunca haver estado com o Gen. Cid, movido apenas pelo espírito de bem-fazer”, conseguiu concluir a inscrição.
Ele relatou que durante o torneio foi “apresentado por Kuntz — também cavaleiro e sócio antigo da Sociedade Hípica Paulista — à Sra. Agnes”, com quem nunca havia conversado antes. Agnes teria dito que a participação e a vitória da neta na competição estavam “sendo extremamente alentadoras, diante de um momento familiar tão sofrido” com a prisão de Cid. “O encontro na Sociedade Hípica Paulista de fato ocorreu, porém de maneira absolutamente casual e breve”, disse Bueno.
Na declaração entregue pela defesa de Cid, Agnes também afirmou que Kuntz e Bueno recomendaram a substituição do advogado do filho, oferecendo-se para representá-lo judicialmente. No entanto, Bueno disse que “a afirmação é falaciosa”, pois já representava Bolsonaro nos mesmos autos. Além disso, ele destacou que “jamais faria cooptação de clientes com advogados já constituídos que, para além de imoral, constitui falta ética punível pelo estatuto da advocacia”.
Wajngarten critica Mauro Cid
Wajngarten prestou depoimento por cerca de uma hora à Polícia Federal e disse ter sido “surpreendido” com a intimação. “Repudiei de forma veemente a tentativa de acusação de obstrução. Estudo ingressar com ação de denunciação caluniosa por parte de quem tentou essa acusação infundada”, declarou após a oitiva.
Ele disse que foi procurado pelo pai de Cid apenas para ajudar na inscrição da competição de hipismo. “Fui demandado pelo general Lourena Cid para inscrever a neta dele [filha de Cid] em uma competição de hipismo em São Paulo. Foi no mês de agosto de 2023. Telefonei para o doutor Paulo Bueno [advogado de Bolsonaro] e ele seguiu com a inscrição”, afirmou o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência.
Wajngarten foi um dos assessores mais próximos a Bolsonaro até maio deste ano, quando foi demitido pelo PL após o vazamento de uma troca de mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid.
Crédito Gazeta do Povo