Twitter Files: jornalistas acusam Macron de usar ONGs para pressionar rede social

Reportagem revela atuação do governo francês para influenciar decisões da plataforma digital

Dois jornalistas franceses, Pascal Clérotte e Thomas Fazi, revelaram, na quarta-feira 3, um novo capítulo do Twitter Files — desta vez com foco na França.

A investigação expõe tentativas do governo de Emmanuel Macron de interferir diretamente na antiga gestão da rede social, incluindo pressão jurídica por meio de ONGs financiadas com recursos públicos.

O site Civilization Works, fundado por Michael Shellenberger, publicou a denúncia. O jornalista foi o autor das primeiras edições do Twitter Files, que expuseram os bastidores da plataforma nos Estados Unidos e no Brasil.

Segundo os jornalistas, quatro ONGs — União de Estudantes Judeus da França, SOS Racismo, J’accuse! e SOS Homofobia — ingressaram com ações judiciais contra o Twitter em 2020. Os grupos alegavam que a rede social falhava em conter discursos de ódio.

No entanto, documentos internos da empresa indicam que o real objetivo não era promover mudanças efetivas na moderação de conteúdo. Ao contrário, as ações buscavam desgastar a imagem da plataforma perante a imprensa.

Governo exigiu acesso aos bastidores do Twitter

A reportagem afirma que as ONGs alinhadas ao governo de Macron exigiram acesso privilegiado aos sistemas internos de moderação do Twitter. Também ressaltou que o presidente francês tentou estabelecer uma linha direta com o então CEO da plataforma, Jack Dorsey.

Desta forma, a investida teria sido disfarçada como um gesto de agradecimento pelos “esforços de integridade eleitoral” do Twitter. Contudo, segundo os autores, buscava criar um canal informal de influência.

O cônsul-geral da França entregou pessoalmente, na sede da empresa em São Francisco, a carta assinada por Macron. Clérotte e Fazi sugerem que, se autoridades francesas tivessem obtido o número de telefone de Dorsey, a inteligência poderia repassá-lo para monitoramento.

O Twitter Files francês também analisa a atuação da agência Viginum. Macron criou o órgão em 2021 com a justificativa de proteger o país contra campanhas de desinformação orquestradas por governos estrangeiros.

Para os autores, porém, a agência ultrapassa esse papel. Eles argumentam que a Viginum atua ofensivamente em nome da política externa francesa.

Um dos episódios mais controversos citados na reportagem envolve a Romênia. De acordo com os jornalistas, a agência elaborou um relatório acusando o TikTok de favorecer Calin Georgescu, candidato pró-Rússia, nas eleições presidenciais de 2024. A denúncia resultou no cancelamento do primeiro turno pelo Tribunal Constitucional romeno.

Crédito Revista Oeste

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