Zambelli chora em depoimento e acusa Moraes de perseguição enquanto Câmara avalia cassação

A deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) prestou depoimento nesta quarta-feira (24) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, em processo que pode resultar na cassação de seu mandato. Falando por videoconferência a partir de uma penitenciária feminina em Roma, na Itália, onde está presa desde julho, a parlamentar chorou, mostrou a foto do filho e acusou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de perseguição política.

Durante seu depoimento, Zambelli se emocionou ao relatar os impactos das decisões judiciais sobre sua família. Segundo ela, Moraes teria ultrapassado limites legais ao atingir parentes próximos. “Ele quis atingir toda a minha família. Tirou as redes sociais do meu filho, da minha mãe e bloqueou todas as contas do meu marido”, afirmou.

Zambelli completou afirmando que está presa injustamente, exilada por não confiar em um julgamento justo no Brasil. Em agosto, o STF condenou a deputada a dez anos de prisão por associação com o hacker Walter Delgatti Neto na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O tribunal entendeu que Zambelli estimulou e participou da ação que resultou na inserção de informações falsas no sistema eletrônico do Judiciário.

Antes que a decisão se tornasse definitiva, a parlamentar deixou o Brasil Ela foi primeiro aos Estados Unidos e depois à Itália por possuir cidadania daquele país, mas acabou localizada pela polícia italiana em julho e acabou presa. Seu nome estava na lista de difusão vermelha da Interpol, como foragida.

Zambelli aguarda, na prisão em Roma, decisão sobre o pedido de extradição feito pelo governo brasileiro. Em sua defesa, Zambelli afirma que não fugiu, mas que buscou “exílio político” diante da perseguição.

Problemas de saúde relatados na prisão: “pareço uma idosa”

A deputada também relatou à Comissão da Câmara problemas de saúde enfrentados na penitenciária italiana. Segundo disse aos colegas parlamentares, sofre de crises de fibromialgia, desmaios e dificuldades de locomoção. “Eu pareço uma idosa, ando devagar e tenho dores constantes. Preciso de acompanhamento médico adequado”, declarou.

Na CCJ, o relator do caso, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), ainda aguarda documentos oficiais do STF para concluir seu parecer. O processo avalia se a condenação criminal é motivo para perda do mandato. Após análise na comissão, o caso será levado ao plenário da Câmara, onde a cassação dependerá de pelo menos 257 votos favoráveis.

O processo contra Zambelli já ouviu testemunhas relevantes. Walter Delgatti Neto afirmou que a invasão ao sistema ocorreu a pedido da deputada, versão negada por Zambelli, que o chamou de “mitomaníaco” e colocou em dúvida sua sanidade mental.

Outro ouvido foi Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que afirmou que Carla Zambelli estava entre as principais monitoradas da direita, por determinação do gabinete Alexandre de Moraes. Novas oitivas estão previstas, incluindo o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, policiais federais e o jornalista Oswaldo Eustáquio.

A expectativa é que, após o recebimento da documentação do STF, o relator apresente seu parecer nas próximas semanas. Caso o plenário da Câmara confirme a cassação, Zambelli perderá o mandato e os direitos políticos, além de enfrentar a extradição para cumprir pena no Brasil. Enquanto isso, a parlamentar segue detida na Itália, reafirmando sua inocência e acusando o Judiciário brasileiro, e em especial o ministro Alexandre de Moraes, de perseguição.

Crédito Gazeta do Povo

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