Vice-chanceler afirmou que medida seria “equivalente a exigir que o país renuncie à sua soberania e ao seu direito à existência”
A Coreia do Norte nunca desistirá de seu programa nuclear, afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores do país, Kim Son Gyong, à Assembleia Geral da ONU nesta segunda-feira (29).
Ele afirmou que isso seria “equivalente a exigir que o país renuncie à sua soberania e ao seu direito à existência”.
Foi a primeira vez que a Coreia do Norte enviou uma autoridade da capital do país para discursar na reunião anual de líderes mundiais da Assembleia Geral desde que seu chanceler viajou a Nova York em 2018.
“Impor a ‘desnuclearização’ à República Popular Democrática da Coreia equivale a exigir que o país renuncie à sua soberania e ao seu direito à existência e viole a Constituição”, disse Kim.
“Jamais abriremos mão da nossa soberania, abandonaremos o direito à existência e violaremos a Constituição”, adicionou.
“Graças à maior dissuasão física de guerra do nosso Estado, em proporção direta à crescente ameaça de agressão dos EUA e seus aliados, a vontade dos Estados inimigos de provocar uma guerra está completamente contida e o equilíbrio de poder na Península Coreana está assegurado”, afirmou.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse no mês passado que queria se encontrar com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ainda neste este ano.
Desde a posse de Trump em janeiro, Kim tem ignorado os repetidos apelos de Trump para retomar a diplomacia direta que ele buscou durante seu mandato de 2017 a 2021, que não resultou em nenhum acordo para interromper o programa nuclear da Coreia do Norte.
“Jamais abriremos mão da energia nuclear, que é nossa lei estatal, política nacional e poder soberano, bem como o direito à existência. Sob nenhuma circunstância, jamais abandonaremos esta posição”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores à Assembleia Geral da ONU.
Coreia do Norte no cenário internacional
De toda forma, na semana passada, o líder norte-coreano disse que não havia motivo para evitar negociações com os EUA se Washington parasse de insistir que seu país desistisse de armas nucleares.
Assim, ele pontuou que a Coreia do Norte nunca abandonaria o arsenal nuclear para acabar com as sanções, informou a mídia estatal.
A Coreia do Norte está sob sanções do Conselho de Segurança da ONU desde 2006, e as medidas têm sido constantemente reforçadas ao longo dos anos com o objetivo de interromper o desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos por Pyongyang.
Mas a Rússia e a China agora insistem que as sanções da ONU à Coreia do Norte sejam aliviadas por motivos humanitários e em uma tentativa de convencer os norte-coreanos a retomarem as negociações.
A Rússia também estreitou laços diplomáticos e militares com a Coreia do Norte desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, e o presidente russo, Vladimir Putin, e Kim visitaram os países um do outro.
A Rússia está usando tropas norte-coreanas para combater as forças ucranianas.