O ex-chefe de inteligência militar da Venezuela, Hugo Armando Carvajal, conhecido como “El Pollo”, revelou detalhes sobre como o regime chavista financiou movimentos e líderes de esquerda em diversos países latino-americanos. As informações foram divulgadas por meios como The Objective e Infobae, no contexto de sua cooperação com a DEA e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em busca de redução de pena por crimes de narcotráfico e narcoterrorismo.
Extraditado aos EUA em 2023, após dois anos foragido na Espanha, Carvajal declarou-se culpado em junho deste ano perante um tribunal de Nova York por quatro crimes ligados ao Cartel de los Soles — rede criminosa instalada nas Forças Armadas venezuelanas e classificada como terrorista por Washington. O ex-general admitiu envolvimento no envio de toneladas de cocaína à América do Norte e colaboração com as guerrilhas colombianas, oferecendo informações à Justiça americana em troca de benefícios penais.
Segundo Carvajal, a estatal PDVSA foi o principal instrumento de financiamento ilegal, usado para sustentar campanhas políticas, veículos de comunicação e projetos ideológicos no exterior. Ele afirmou que “o governo venezuelano financiou ilegalmente movimentos políticos de esquerda no mundo por pelo menos 15 anos”.
Entre os beneficiários citados estariam Néstor Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Fernando Lugo (Paraguai), Ollanta Humala (Peru), Manuel Zelaya (Honduras), Gustavo Petro (Colômbia), além do Movimento Cinco Estrelas (Itália) e do partido Podemos (Espanha).
Carvajal relatou ainda que o chavismo teria transferido 3,5 milhões de euros em espécie ao ideólogo italiano Gianroberto Casaleggio, do M5S, por meio de mala diplomática. A operação, conduzida por Tareck El Aissami e aprovada por Nicolás Maduro, então chanceler, teria se repetido em outros países.
O ex-chefe de inteligência garantiu que o esquema de apoio financeiro internacional segue ativo sob o governo Maduro. Sua colaboração com os EUA se intensificou, e ele espera que as provas entregues resultem em uma pena mais branda.
As revelações expõem a extensão das redes de influência política do chavismo na América Latina e na Europa, podendo gerar novas repercussões diplomáticas e judiciais nos países mencionados.