O governo do presidente Donald Trump anunciou nesta sexta-feira o envio do grupo de porta-aviões USS Gerald R. Ford para a América Latina, intensificando a presença militar norte-americana no Caribe em meio ao aumento das tensões com a Venezuela. A medida representa a demonstração de força mais significativa de Washington na região em décadas, superando qualquer operação anterior de combate ao narcotráfico.
O novo destacamento se soma a oito navios de guerra, um submarino nuclear e caças F-35 já posicionados na área, marcando uma escalada sem precedentes nas operações sob o comando do Comando Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM).
“A presença ampliada das forças dos EUA na área do USSOUTHCOM reforçará nossa capacidade de detectar, monitorar e desarticular atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território norte-americano e de todo o Hemisfério Ocidental”, declarou o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, na plataforma X.
O Pentágono não especificou a data de chegada do porta-aviões à região, mas, segundo informações recentes, o USS Gerald R. Ford — o maior navio de guerra do mundo, com mais de 5.000 tripulantes — navegava pelo Estreito de Gibraltar nos últimos dias.
Desde setembro, as forças norte-americanas já realizaram dez ataques contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas, principalmente no Caribe, resultando em cerca de 40 mortes. O Pentágono informou que parte dos alvos seria venezuelana.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro acusou os Estados Unidos de tentar derrubá-lo. Na quinta-feira, advertiu que, em caso de intervenção, “a classe trabalhadora se levantará e haverá uma greve insurrecional até recuperar o poder”, afirmando que “milhões de homens e mulheres armados marchariam pelo país”.
Em agosto, Washington duplicou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro, acusado de envolvimento com o tráfico internacional de drogas — acusações que ele nega.
As tensões também se estenderam à Colômbia, onde Trump impôs sanções ao presidente Gustavo Petro, a quem chamou de “líder do narcotráfico” e “mau sujeito”. Bogotá classificou as declarações como ofensivas.
“Essas forças aumentarão as capacidades de combate ao tráfico de drogas e de desmantelamento das organizações criminosas transnacionais”, acrescentou Parnell.
Poucas horas após o anúncio do envio do porta-aviões, o governo Trump também confirmou sanções adicionais contra Petro, citando “atividades ilícitas relacionadas a drogas”.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmou que o último ataque dos EUA, realizado na sexta-feira, matou seis supostos “narcoterroristas” no Caribe.
A operação militar — que inclui autorização presidencial para ações secretas da CIA na Venezuela — despertou críticas de juristas e parlamentares democratas, que questionam se as ofensivas respeitam as leis de guerra.
Trump declarou que pretende informar o Congresso sobre as operações contra os cartéis e que os próximos passos podem incluir ações em solo latino-americano, afirmando não ser necessária uma declaração formal de guerra.
Alguns congressistas republicanos celebraram a decisão.
“O presidente Trump não está brincando quando se trata de proteger os Estados Unidos e nosso hemisfério ocidental”, escreveu o deputado Rick Crawford, do Arkansas.
Com apenas 11 porta-aviões em operação, o envio do Gerald R. Ford representa uma movimentação estratégica de alto custo. O navio, movido a reator nuclear e com capacidade para mais de 75 aeronaves, opera caças F/A-18 Super Hornet e aviões de alerta antecipado E-2 Hawkeye, além de um arsenal de mísseis antiaéreos Sea Sparrow e sofisticados radares de vigilância e navegação.
Entre os navios de apoio estão o cruzador Normandy e os destróieres Thomas Hudner, Ramage, Carney e Roosevelt, equipados com sistemas de guerra antiaérea, antissuperfície e antissubmarino.
O envio do porta-aviões para a América do Sul marca a fase mais agressiva da estratégia de Trump no hemisfério, combinando pressão militar, sanções e operações de inteligência voltadas ao desmantelamento de redes de narcotráfico e à contenção da influência venezuelana e colombiana.





