Transparência Internacional critica presença dos irmãos Batista em comitiva de Lula

Com o retorno do petista ao governo, os donos da JBS, réus confessos em esquema de corrupção, voltaram a ter proximidade com o poder

Os irmãos Joesley e Wesley Batista fazem parte da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que viajou à Ásia. Cerca de cem empresários acompanham Lula e seus ministros em compromissos oficiais na Indonésia e na Malásia.

No auge da Operação Lava Jato, que investigou o maior esquema de corrupção do país, os irmãos Batista — e Lula — foram presos. Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações de Lula, porque o foro competente para julgá-lo seria a Justiça Federal de Brasília, e não a de Curitiba.

Meses depois, a Corte também considerou o então juiz federal Sergio Moro suspeito e anulou praticamente toda a operação. Com fundamento nisso, o ministro Dias Toffoli anulou todas as provas da Lava Jato e beneficiou diretamente os irmãos Batista, que tinham admitido participação direta do escândalo de corrupção e aceitaram pagar multa de R$ 10 bilhões em acordo de delação. A exigência da multa também foi suspensa por Toffoli.

À Folha de S.Paulo, Joesley Batista disse que seu objetivo na viagem à Ásia é fazer aumentar a quantidade de carne comprada pela Ásia do Brasil. “Vai aumentar muito o negócio aqui, o comércio aqui. Essa região está crescendo muito.”

Em postagem no X, a ONG Transparência Internacional criticou a presença dos Batistas na comitiva oficial do governo Lula. “Criminosos confessos de um dos maiores esquemas de corrupção da história e praticamente impunes, os Batistas são os campeões nacionais de Lula que têm lugar cativo em suas comitivas pelo mundo”, afirmou a ONG.

Durante a viagem à Ásia, Lula participou da cúpula da Asean, em Kuala Lumpur, onde manteve encontros com líderes locais e com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar das tarifas sobre produtos brasileiros.

A JBS assinou, por meio de Wesley Batista, um memorando com o fundo soberano indonésio Persero, enquanto a holding J&F firmou parceria com a estatal de eletricidade PLN.

Transparência Internacional critica escolha de diretor de empresa dos irmãos Batista na Indonésia

Na mesma postagem, a Transparência Internacional criticou a escolha de José Carlos Grubisich para assumir a direção-geral da J&F, holding dos irmãos Batista, na Indonésia. Ex-presidente da Braskem, da Rhodia, da ETH Bioenergia e da Eldorado Brasil Celulose, Grubisich foi condenado a 20 meses de prisão nos EUA em 2021.

Segundo a Justiça norte-americana, o executivo e outros executivos da Braskem e da Odebrecht foram responsáveis pela elaboração de um fundo secreto milionário que era usado para subornar funcionários públicos e partidos políticos do Brasil para garantir contratos com a Petrobras.

Grubisich admitiu sua participação em esquemas de propina de US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão) e aceitou pagar multa de US$ 2,2 milhões nos EUA em razão desse processo.

Para a Transparência Internacional, a nomeação dele é um incentivo à corrupção. “Em Jacarta, chefiará a JBS José Grubisich, que esteve preso nos EUA por corrupção. Qual o incentivo de políticos e empresários corruptos mudarem suas práticas quando há total impunidade?”

Crédito Revista Oeste

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