Vorcaro comprou Banco Master com imóveis superfaturados e fundos de pensões

De acordo com apuração do portal UOL, a operação teve indícios de fraude

A compra do então Banco Máxima, hoje Banco Master, se baseou em uma operação com indícios de fraude e superfaturamento, segundo documentos enviados por Daniel Vorcaro ao Banco Central e obtidos pelo portal UOL.

O aporte exigido pelo BC — R$ 50 milhões — foi justificado com a venda de um terreno que valorizou 2.180% em dois anos. O dinheiro usado na operação saiu, na prática, de um fundo imobiliário abastecido por recursos de fundos de pensão públicos. Vorcaro e o Master não responderam.

O BC analisou a compra ao longo de 2018. Para aprovar a operação, o órgão exigiu que Vorcaro capitalizasse o banco.

Ele apresentou receita bruta de R$ 89 milhões da Viking Participações, incluindo a venda de um empreendimento em Jequitibá (MG) por R$ 57 milhões ao FII São Domingos. O terreno valia R$ 2,5 milhões dois anos antes e sequer possuía condomínio construído na época da transação.

Mais detalhes sobre a operação feita por Vorcaro; padrão foi repetido no Banco Master

A valorização atípica repete um padrão já observado em negócios ligados ao Master, como o caso de um imóvel na Bahia que teria subido 11.000% em 36 dias. A Polícia Federal investiga o uso de fundos imobiliários para inflar ativos e dar sustentação a operações financeiras do grupo.

O Fundo São Domingos, usado na compra do terreno, mantém vínculos com a antiga gestão do Banco Máxima. O ex-controlador Saul Sabbá foi condenado por maquiar balanços entre 2014 e 2016.

Depois da entrada de Vorcaro, o fundo passou a registrar “Realty” em vez de “Máxima Realty”, sem alteração no valor declarado. O mesmo fundo registrou o empreendimento Jequitibá como ativo de R$ 69,2 milhões em 2018.

Os recursos do São Domingos vieram de fundos de pensão de servidores públicos. Em 2017, o fundo teve prejuízo de R$ 109 milhões, hoje alvo de inquéritos da PF. Em 2022, a CVM multou em mais de R$ 1 milhão a Foco DTVM e o diretor do fundo por má gestão, incluindo operações que beneficiaram empresas da família Vorcaro.

Parte dos imóveis ligados à operação está registrada em nome de Aroldo Rodrigues da Silva, empresário com histórico de negócios com o banqueiro.

Crédito Revista Oeste

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