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China financia rede global de mais de 100 sites para promover o Comunismo.

A descoberta aponta para atuação em 30 países, inclusive no Brasil

Uma rede de mais de 123 sites, operada a partir da China, se passa por veículos de notícias locais em 30 países para promover o comunismo e atacar opositores do presidente chinês, Xi Jinping. A descoberta foi feita em fevereiro por um estudo do centro de pesquisa da Universidade de Toronto, no Canadá, conforme reportagem da Gazeta do Povo.

Países da Europa, da Ásia e da América Latina, incluindo o Brasil, fazem parte da rede.

Os pesquisadores descobriram que nenhum dos mais de cem sites que compõem a rede era de fato independente, embora se apresentem assim. Todos eram controlados por uma empresa de relações públicas sediada em Shenzhen, na China, conhecida como Shenzhen Haimaiyunxiang Media Co., Ltd., ou somente Haimai.

Exemplo de um comunicado de imprensa comercial relacionado a uma empresa chamada GWM, postado em seis sites diferentes do Paperwall em seis dias de outubro de 2023; conforme a Universidade do Canadá | Reprodução/Citizen.lab

Fundada em 2019, a Haimai é especialista em oferecer serviços de disseminação de conteúdo promocional em vários idiomas, incluindo o português.

A universidade nomeou a rede de “ Paperwall: sites chineses que se passam por mídia local e visam públicos globais com conteúdo pró-Pequim”.

Publicados e removidos.

O estudo destacou que uma das características centrais do Paperwall, presente em toda a rede de sites, é o fato de seus conteúdos mais agressivos, que atacam os críticos de Pequim, serem rotineiramente removidos algum tempo após sua publicação para dificultar a detecção e a exposição da campanha.

Entre os críticos atacados pela rede estão o virologista Li-Meng Yan, que afirma que o vírus da covid-19 foi criado em um laboratório chinês, e Li Hongzhi, fundador do movimento religioso Falun Gong, que é banido e perseguido na China desde 1999.

EUA no alvo da rede chinesa.

Ainda de acordo com o estudo canadense, a rede chinesa propagava teorias da conspiração sobre supostas experiências biológicas dos Estados Unidos no Sudeste Asiático. Alguns chegaram a afirmar que os norte-americanos teriam criado e vazado o coronavírus.

Outras notícias espalhadas nos 30 países eram com relação as acusações de interferência estrangeira nos protestos pró-democracia que ocorreram em Hong Kong e que foram rigorosamente reprimidos pela ditadura comunista da China.

Muitas dessas informações estavam inseridas em meio a propagandas de criptomoedas, com os usuários sendo direcionados para sites criptografados.

Conforme a publicação da Gazeta do Povo, os sites no Brasil possuíam nomes de cidades ou Estados brasileiros, muitos deles genéricos, como “goiasmine.com”. O jornal verificou que todos estão fora da rede e alerta para que o leitor não tente acessar, pois podem estar infectados com vírus.

Pesquisador alerta para outras redes.

O principal autor do estudo, o pesquisador Alberto Fittarelli, ressaltou o fato de ser uma “operação de influência que serve tanto a interesses financeiros quanto políticos e que está em sintonia com a agenda política de Pequim”.

O pesquisador também alertou para o crescimento da indústria de desinformação por encomenda.

“Desde os primeiros dias de pesquisa nesse campo, a indústria de desinformação por encomenda cresceu, levando a descobertas e interrupções em países ao redor do mundo”, disse.

Fittarelli afirmou ainda que o Paperwall “não será o último exemplo de uma parceria entre o setor privado e o governo comunista no contexto de operações de influência chinesas.”

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