Foto: Carlos Moura/SCO/STF
Ministro afirmou que o acordo de leniência do Ministério Público Federal com a J&F esconde ‘coisas nebulosas’
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), propôs a criação de uma “Comissão da Verdade” para esclarecer supostas irregularidades durante a Operação Lava Jato. O magistrado deu a declaração durante uma entrevista ao canal GloboNews, nesta segunda-feira, 11.
Gilmar Mendes afirmou que o acordo de leniência do Ministério Público Federal (MPF) com a J&F esconde “coisas nebulosas”. Isso porque a multa do acordo foi suspensa em dezembro de 2023, pelo ministro do STF Dias Toffoli.
“Há coisas nebulosas que precisam ser esclarecidas. Talvez, merecesse buscar uma Comissão da Verdade sobre isso. Há muito escombros sobre o que se passou.”
Gilmar Mendes
Na entrevista, o ministro também fez comentários sobre a relação da mulher do ministro Dias Toffoli, a advogada Roberta Rangel, com a J&F.
Ao comentar o assunto, Gilmar Mendes afirmou que ela não estava advogando para o grupo na ação sob relatoria de Toffoli. Também declarou estar “seguro” sobre “todas as cautelas éticas” necessárias.
Em 26 de fevereiro, o ministro André Mendonça suspendeu todas as multas da Lava Jato e autorizou a renegociação dos termos dos acordos às empresas em um prazo de 60 dias. Dentre as empresas beneficiadas estão:
- Camargo Corrêa (construtora);
- Novonor (construtora ex-Odebrecht);
- Braskem (petroquímica);
- J&F Investimentos (holding);
- Camargo Corrêa (construtora); e
- UTC Participações (holding).
A fala de Gilmar Mendes diz respeito à recente medida do ministro Dias Toffoli, que anulou as decisões do ex-juiz federal Sergio Moro contra 23 alvos de processos da Operação Lava Jato. As mudanças ocorreram entre a terça-feira 5 e a quinta-feira 7.
Além da Lava Jato, os beneficiados pelas decisões de Toffoli foram atingidos pelas Operações Integração, Quadro Negro e Piloto, que apuravam suspeitas de corrupção pelo ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB). Atualmente, o político tucano é deputado federal.
Richa já havia sido beneficiado por uma decisão de Toffoli, em dezembro de 2023, quando o ministro do STF anulou todos os processos contra o ex-governador. Ele também foi acusado pela Operação Rádio Patrulha, mas todas as condenações foram anuladas.