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Ex-assessor de Bolsonaro afirma que não vai ‘inventar uma história só porque querem ouvi-la’
Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, negou boatos de que faria uma delação premiada. Ele segue preso sob a alegação de ter viajado para os Estados Unidos em dezembro de 2022, embora jamais tenha saído do país naquela data.
De acordo com informação obtida com exclusividade por Oeste, o ex-assessor rejeitou o que classificou como criação de novas narrativas apenas para ganhar abonos. “Não haverá delação, pois não há o que delatar”, disse. “Não vou inventar uma história porque alguém quer ouvi-la. Como dizia Sócrates: é preferível sofrer uma injustiça do que cometer uma para se livrar de outra.”
Filipe Martins sempre esteve no país
Seu advogado, Ricardo Scheiffer, transmitiu a declaração depois que a revista Veja revelou um áudio em que Mauro Cid parece confessar a fragilidade de sua delação, admitindo que entrega às autoridades as informações que elas solicitam, porque “o Alexandre de Moraes é a lei”. Recentemente, o ex-desembargador Sebastião Coelho uniu-se a Scheiffer na defesa de Filipe Martins.
Prenderam Cid pela segunda vez depois que o ministro Alexandre de Moraes afirmou que suas declarações representavam obstrução de Justiça.
Como Oeste reportou, a companhia aérea Latam já confirmou, em nota e também em ofício encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, que o ex-assessor viajou de Brasília para Curitiba no dia seguinte àquele em que Bolsonaro viajou para Orlando, na Florida. Para a defesa, isso mostra sua permanência no país, ao contrário da acusação.
Em sucessivos pareceres, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já declarou serem “fracas” as provas utilizadas pela Polícia Federal para alegar que Filipe Martins teria fugido do país.
Na dúvida, Filipe Martins segue preso preventivamente tendo como única acusação uma suposta evasão para os EUA.
Especialistas em Direito Penal consultados pela Oeste, falando sob condição de anonimato, afirmam que a atitude viola o princípio da dúvida favorável ao réu e que “se há dúvidas sobre a suposta evasão, Martins deveria aguardar qualquer nova diligência em liberdade, sob pena de a prisão alargar-se indefinidamente”.
Prenderam o ex-assessor na casa de sua esposa, em Ponta Grossa, Paraná, a quase 7.000 quilômetros de distância de Orlando, Flórida, sem que ele passasse pelo rígido controle imigratório americano.