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Originalmente, departamento se concentra em ações de combate ao “terrorismo”.
A Polícia Federal desvirtuou a missão principal da Diretoria de Inteligência Policial (DIP) e agora se concentra em inquéritos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação é da Folha de S. Paulo.
A DIP é, originalmente, responsável por definir a política de inteligência e realizar ações de contrainteligência e investigações sobre terrorismo. No entanto, agora se dedica a buscar informações que incriminem Bolsonaro.
A diretoria da PF dedica-se prioritariamente às seguintes pautas:
- o chamado inquérito das “milícias digitais”, que investiga um suposto plano de golpe de Estado após as eleições de 2022;
- uma investigação sobre a suspeita de que Bolsonaro pode ter falsificado sua carteirinha de vacinação contra a covid-19;
- o chamado “inquérito das fake news“, que apura notícias falsas e denúncias caluniosas e ameaças contra os juízes da Corte;
- o possível uso ilegal de sistema de monitoramento por integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); e
- as blitze montadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições presidenciais.
Casos do STF
Ademais, os delegados do setor foram incumbidos de investigar o caso em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, teria sofrido hostilidade no aeroporto de Roma, na Itália. A história acabou se tornando um episódio de “injúria”.
Ainda segundo a Folha, a PF tem um setor para conduzir ações que tramitam no Supremo: a Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores, vinculado à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor).
De acordo com fontes da corporação, ouvidas pelo jornal, a coordenação está “esvaziada e com poucos delegados”. Isso tudo para se concentrar na Operação Lesa Pátria, com foco em organizadores e financiadores dos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023.
Outro foco gira em torno dos desvios de verba pública em obras custeadas com emendas parlamentares, como é o caso do ministro Juscelino Filho (Comunicações).
Delegados disseram à Folha, sob sigilo, que “o desvirtuamento da diretoria de inteligência gera desajustes entre os setores da PF, retirando relevância do departamento responsável pelas investigações”.
O que diz a PF
Em nota, a polícia afirmou que a mudança ocorreu a partir do entendimento de que normas internas permitem que “casos sensíveis pudessem tramitar na Diretoria de Inteligência Policial”. “Sempre que for verificada a necessidade, poderá a DIP ser designada para atuar em quaisquer casos”.