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Saiba por que a Bolsa brasileira é a pior do mundo enquanto nossos vizinhos disparam em 2024

Saiba por que a Bolsa brasileira é a pior do mundo enquanto nossos vizinhos disparam em 2024

O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre superou as expectativas, coroando uma série de dados econômicos positivos.

No entanto, o Ibovespa fechou no menor patamar do ano. O crescimento anual foi de 2,5%, acima do consenso de 2,2%, com uma alta trimestral de 0,8%.

Segundo informações do Exame, outro indicador surpreendente é a taxa de desemprego, que recentemente caiu para 7,5%, contra uma expectativa de 7,7% em setembro. Esse é um dos níveis mais baixos desde o final de 2015. Apesar dos dados robustos da economia brasileira, os principais indicadores de mercado contam uma história diferente. Desde o início do ano, o dólar subiu 8,91% em relação ao real, enquanto o Ibovespa caiu 9,23%, colocando-o entre os piores índices de ações do mundo.

Comparada às principais bolsas globais, a bolsa brasileira está à frente apenas da bolsa mexicana. No México, a vitória esmagadora da esquerda nas eleições reacendeu preocupações sobre riscos à democracia. No entanto, a bolsa mexicana ostenta múltiplos mais altos, com seu principal índice negociando próximo a 12 vezes o preço/lucro, enquanto o Ibovespa está em torno de oito vezes.

Mas por que o pessimismo persiste no Brasil, apesar dos números positivos? O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recentemente questionou se “fantasminhas” estariam influenciando as percepções.

Esses “fantasmas”, embora não falem nossa língua, são muito reais. O maior deles, na visão dos investidores, é o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Esperava-se que o Fed realizasse um ciclo intenso de corte de juros este ano, mas as quedas ainda não ocorreram. Pelo contrário, com a inflação se aproximando da meta de 2%, cogita-se até mesmo a possibilidade de o Fed aumentar os juros. O cenário mais provável é que o ciclo comece ainda em 2024, em setembro ou dezembro.

Os juros americanos têm grande influência nos indicadores globais. Considerados os mais seguros do mundo, qualquer aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA pode afetar a liquidez global. Em abril, o rendimento do título de dez anos atingiu o maior patamar do ano, chegando a 4,7%, cerca de 20% acima do início do ano. Foi nesse mês que a bolsa brasileira registrou a maior saída de capital estrangeiro, totalizando R$ 11,1 bilhões.

Internamente, o fantasma do desequilíbrio fiscal também preocupa os investidores brasileiros. A mudança da meta de superávit para os próximos anos foi interpretada como um sinal de que o governo desistiu de buscar o ajuste fiscal. Para a Verde Asset, uma das gestoras mais influentes do país, a “ilusão fiscal caiu por terra”.

Recentemente, o Banco Central reduziu o ritmo de corte de juros, em meio à piora da perspectiva fiscal e à expectativa de que os juros permaneçam altos nos Estados Unidos. O que surpreendeu foi a votação dividida: os diretores indicados pelo atual governo optaram por manter o ritmo de queda, enquanto os diretores anteriores, incluindo o presidente Roberto Campos Neto, preferiram reduzir.

Essa divisão gera apreensão entre os investidores sobre o futuro do Banco Central. A partir do próximo ano, os diretores indicados pelo presidente Lula serão maioria no Comitê de Política Monetária (Copom). A interpretação é que o novo Copom pode tolerar uma inflação mais alta em troca de juros mais baixos, o que afeta as expectativas inflacionárias para os próximos anos.

Para conter essa expectativa, alguns economistas esperam uma reação mais firme do Banco Central, possivelmente pausando o ciclo de corte de juros na próxima reunião ou na subsequente. A projeção mediana do mercado atualmente aponta para apenas mais um corte de 0,25 ponto percentual, com a Selic encerrando 2024 em 10,25%.

Com a taxa de juros acima de 10% e incertezas no mercado de renda variável, os investidores locais têm preferido investimentos em renda fixa. Dados da B3 mostram que a participação da pessoa física está no nível mais baixo dos últimos anos, em 13,8%. Em 2020, os investidores individuais representavam 21,4% das negociações.

A dinâmica se repete nos fundos de investimento, com a alocação em ações próxima do menor nível histórico registrado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), iniciado em 2006.

Enquanto os fundos de renda fixa captaram R$ 184 bilhões este ano, os fundos de ações tiveram saída de R$ 3,7 bilhões. Nos fundos multimercado, que poderiam contribuir para o fluxo na bolsa, os saques atingiram R$ 52 bilhões.

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