Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, em um evento no Maranhão.
Foi a primeira vez que apareceram juntos desde que o ministro foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As informações são do Correio Braziliense.
Lula declarou estar “feliz” com o trabalho de Juscelino e afirmou que não pode removê-lo do governo por um processo que ainda não foi julgado. O relatório da PF foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se o denunciará ou não. Juscelino acompanhou Lula em compromissos no Piauí pela manhã e no Maranhão à tarde.
“Estou feliz com o (André) Fufuca, estou feliz com o Juscelino e estou feliz com a nossa Sonia Guajajara”, disse Lula, em entrevista à Rádio Mirante News, logo ao desembarcar em São Luís. Os três citados são maranhenses. O presidente admitiu, porém, que há “um problema de indiciamento” com o ministro das Comunicações.
“Para mim, todo cidadão é inocente até que provem o contrário. Se um cidadão tem um pedido de indiciamento e esse indiciamento ainda não foi concedido pela Procuradoria-Geral nem pela Suprema Corte, tenho que aguardar o processo”, acrescentou.
Juscelino é acusado de desviar verbas de emendas parlamentares para beneficiar propriedades de sua família em Vitorino Freire (MA). A PF alega que o caso ocorreu quando Juscelino ainda era deputado federal, antes de ingressar no governo Lula.
Durante a investigação de irregularidades na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a PF encontrou mensagens entre Juscelino e Eduardo José Barros Costa, um empresário investigado por fraudes em licitações.
O ministro acompanhou Lula em Teresina no encerramento da Caravana Federativa do Piauí, onde foram anunciados investimentos em portos e na digitalização de serviços públicos. Ele não discursou.
Em São Luís, participou do anúncio de obras portuárias e de mobilidade urbana. Sem mencionar os problemas judiciais, Juscelino expressou satisfação por fazer parte do governo e destacou as iniciativas do ministério no Maranhão.
“Quero dizer do meu agradecimento de poder hoje estar ao seu lado, compondo a sua equipe, que muito nos honra, liderando essa pasta que é hoje tão importante e estratégica na vida dos brasileiros, as Comunicações”, afirmou.
Lula está avaliando se deve demitir Juscelino, mas deve esperar o avanço do processo. Membros do governo estão verificando se o União Brasil, partido do ministro, estaria disposto a negociar sua exoneração. Há o risco de uma reação negativa do partido, que possui uma das maiores bancadas no Legislativo, o que poderia complicar ainda mais a relação entre o Planalto e o Parlamento. Até agora, o União Brasil apoia plenamente Juscelino, que nega as acusações e questiona a imparcialidade da Polícia Federal.
Reforma ministerial
Em outra entrevista, desta vez à Rádio Meio, do Piauí, Lula reafirmou estar satisfeito com seus ministros e descartou mudanças imediatas na Esplanada. “Não vejo nenhuma necessidade de fazer reforma ministerial. Estou satisfeito com os meus ministros”, disse. “A hora em que eu precisar, vou mudar as pessoas. Mas eu estou com um governo muito bom”, completou.
As recentes derrotas do governo no Congresso geraram especulações sobre uma possível reforma ministerial, além do caso de Juscelino Filho. Mudanças são esperadas para o final do ano, após as eleições municipais de outubro, quando o resultado das urnas poderá influenciar a decisão de Lula sobre a composição dos ministérios.