A máxima do dólar foi renovada em meio a novas declarações do presidente Lula, que trouxe novas incertezas sobre o cenário fiscal
O susto no câmbio na última semana, quando o dólar à vista (USDBRL) atingiu a máxima desde julho de 2022, foi renovado nesta quarta-feira (26) – e mais uma vez embalado por preocupações sobre o cenário fiscal após novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A moeda norte-americana terminou a sessão a R$ 5,5194, com alta de 1,19%. Esse é o maior nível de fechamento desde janeiro de 2022.
Mais cedo, o dólar superou a cotação de R$ 5,52 durante a entrevista de Lula ao UOL. Entre as falas, o chefe do Executivo afirmou que o “problema não é ter que cortar [os gastos], é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação”.
O dia também contou com a publicação do decreto que estabelece mudanças no regime de metas de inflação. Hoje, o regime de meta de inflação atual, chamado de ano-calendário, considera o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de janeiro até dezembro.
Mas a partir de 2025, a meta será representada por variações acumuladas da inflação em 12 meses, apuradas mês a mês.
A meta e o intervalo de tolerância continuarão sendo fixados pelo Conselho Monetário Nacional.
O texto também define que a partir de 2025, o Banco Central divulgará trimestralmente um Relatório de Política Monetária, que conterá o desempenho da nova sistemática de meta para a inflação, os resultados das decisões passadas de política monetária e a avaliação prospectiva da inflação.
O descumprimento da meta ocorrerá quando essa inflação acumulada se desviar por seis meses consecutivos da faixa do intervalo de tolerância.
Quando isso acontecer, o BC divulgará publicamente as razões do ocorrido no Relatório de Política Monetária e em carta aberta ao Ministro da Fazenda, com a descrição detalhada das causas, as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito.
Além disso, o IPCA-15 desacelerou de 0,44% em maio para 0,39% em junho. O dado, porém, ficou em segundo plano.
Um pouco da culpa do exterior
O movimento acompanhou o desempenho do dólar no exterior na esteira do avanço dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasurys, em meio às expectativas para a inflação de maio.
O indicador DXY, que compara a divisa norte-americana com uma cesta de seis moedas fortes, operou em alta de cerca de 0,5%.