Entre os alvos da Polícia Federal, estão ex-servidores cedidos à agência e influenciadores ligados ao chamado ‘gabinete do ódio’
A Polícia Federal (PF) realiza nesta quinta-feira, 11, a quarta fase da Operação Última Milha. A ação busca desmantelar uma suposta organização criminosa que monitorava ilegalmente autoridades públicas e produzia notícias falsas, utilizando sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Ao todo, os policiais cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nas cidades de Brasília, Curitiba, Salvador, São Paulo e Juiz de Fora (MG).
Entre os alvos, estão ex-servidores cedidos à Abin e influenciadores digitais ligados ao chamado “gabinete do ódio”, supostamente existente durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Até o momento, quatro prisões foram efetuadas: Giancarlo Gomes Rodrigues; Matheus Sposito, que foi assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) no governo passado; Marcelo de Araújo Bormevet, policial federal, e Richards Dyer Pozzer.
As investigações indicam que membros dos Três Poderes e jornalistas teriam sido alvo do grupo, que supostamente criava perfis falsos e divulgava fake news.
A organização também teria, segundo a PF, acessado ilegalmente computadores, telefones e infraestruturas de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.
“Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio”, informou a PF, em nota.
Abin teria usado programa para monitorar alvos, diz Polícia Federal
Segundo a Polícia Federal, a Abin teria utilizado o programa secreto FirstMile para monitorar a localização de alvos por meio de celulares. A PF abriu um inquérito para investigar essa prática.
Policiais federais, servidores da Abin, o ex-diretor da agência Alexandre Ramagem e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL-RJ) estão sob investigação por suposta participação na “Abin paralela”. Ambos negam envolvimento nos crimes.
A Abin declarou ser a maior interessada na apuração dos fatos e diz que está colaborando com as investigações.