Lula ataca rede social X e defende reforma do Conselho de Segurança em discurso na ONU

Foto – TV ONU

Lula abriu os discursos na Assembleia Geral da ONU ignorando a crise ambiental no Brasil e focando na agenda do Brasil no G20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu os discursos da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas fazendo críticas à rede social X, pedindo urgência para ações contra a fome, de combate às mudanças climáticas e em prol da taxação dos super-ricos. Ele também defendeu uma reforma do Conselho de Segurança, o órgão da ONU responsável por tentar evitar conflitos armados.

Lula não se referiu nominalmente ao X ou ao empresário Elon Musk, mas disse que o Estado “não se intimida perante indivíduos, corporações ou plataformas que se julgam acima da lei”. A fala é uma referência à resistência de Musk em cumprir determinações do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes que ele considerou que afrontam a própria legislação brasileira.

“A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras”, disse Lula ao defender o direito do Estado controlar as redes sociais. Ele disse é uma questão de soberania “fazer cumprir as regras em seu território, incluindo o ambiente digital”.

Lula usou a parte inicial de seu discurso para falar de mudanças climáticas e assumiu que o Brasil vive uma crise de queimadas. “O meu governo não terceiriza responsabilidade nem abdica de sua soberania. Já fizemos muito, mas é preciso fazer mais”, afirmou. O presidente brasileiro também disse que luta com quem lucra com a degradação ambiental, como garimpeiros e membros do crime organizado. Ele também prometeu erradicar o desmatamento no país até 2023.

O presidente também defendeu uma reforma do Conselho de Segurança da ONU. Ele disse que países da América Latina e da África também deveriam ter assentos permanentes no órgão, pauta que vem defendendo desde seu primeiro mandato. Lula também disse que o direito a veto dos membros permanentes tem que ser discutido.

Como de praxe, o representante do Brasil é quem abre as declarações na cúpula, seguido pelo presidente dos Estados Unidos. Apesar da cobrança por mais ações e investimentos dos países desenvolvidos em prol da preservação ambiental e combate à crise climática, Lula chegou ao evento com esse discurso enfraquecido e em um momento que sua gestão tem sido ineficaz com crises ambientais internas.

O encontro anual da Assembleia Geral acontece enquanto o Brasil enfrenta uma crise de incêndios florestais provocados por queimadas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que em 2023, 114.171 km² do território brasileiro haviam sido destruídos pelas queimadas de janeiro a agosto. Neste ano, 224.381 km² foram queimados no período. A área queimada em 2024 só não é maior do que a registrada em 2010, quando 234.859 km² do território brasileiro foram queimados nesses mesmos oito meses do ano.

A questão ambiental tem sido fator de pressão contra o mandatário brasileiro. Lula tem apostado no tema para impulsionar seu discurso em busca de protagonismo mundial. Nesse sentido, o Brasil recebe ainda a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada em Belém (PA).

Reforma pela governança global

Com o tema “Não deixar ninguém para trás: agindo juntos para o avanço da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para as gerações presentes e futuras”, a reforma do Conselho de Segurança da ONU deve ser um dos principais focos dos líderes que discursam no evento desta terça-feira (24).

“Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional. Vivemos momento de crescentes angústias, tensões, frustrações e medo. Testemunhamos a alarmante escalada de disputas geopolíticas e rivalidade estratégicas”, disse.

Enquanto a guerra entre Rússia e Ucrânia se mostram longe de um fim, e as tensões no Oriente Médio aumentam, a efetividade do Conselho tem sido colocada em xeque.

Apenas cinco países (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) são membros permanentes do Conselho e têm direito a veto em votações do órgão. O debate deste ano é sobre a possibilidade de se acabar com o poder de veto exclusivo desses países, em uma tentativa de que a ONU seja capaz de impedir novos conflitos de larga escala.

O petista também aproveitou a oportunidade para defender o plano sino-brasileiro para levar a paz na Ucrânia. O documento, em seis pontos, prevê uma conferência para discutir um cessar fogo que inclua Rússia e Ucrânia, ou seja, invasor e invadido. “Já está mais que claro que os dois países não vão atingir seus objetivos pela via militar”, disse.

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