Presidente precisa responder como sua afinidade com os aiatolás favorece os princípios constitucionais da diplomacia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu explicitamente alinhar o Brasil ao Irã no conflito com Israel. É o que afirma o jornal O Estado de S.Paulo em editorial deste sábado, 5.
Da mesma forma, Lula também já havia escolhido tacitamente alinhar o Brasil à Rússia na agressão que o regime de Vladimir Putin cometeu contra a Ucrânia.
Para o Estadão, os sinais são inequívocos. “Quando Israel decidiu atacar bases do Hezbollah no Líbano depois de um ano sendo agredido diariamente, o Itamaraty condenou a operação ‘nos mais fortes termos’”, diz o jornal.
“Quando o Irã, sem ser atacado diretamente, lançou sobre Israel uma chuva de 200 mísseis para vingar o Hezbollah, o governo se limitou, quase num sussurro, a manifestar ‘preocupação’”, acrescenta o texto.
Há meses o Brasil retirou seu embaixador de Israel, o que equivale, de fato, a um rompimento diplomático. Mas o Planalto prestigiou o Irã enviando o vice-presidente Geraldo Alckmin à posse do novo presidente iraniano, onde formou fila com terroristas do Hezbollah, do Hamas, da Jihad Islâmica e da milícia Houthi.
A publicação destaca a relação complexa e dolorosa entre israelenses e palestinos, que pode ser traçada até os tempos bíblicos. “Não há inocentes nessa história”, avalia o jornal. “Mas a visão simplista e simplória de Lula reduz tudo a uma dicotomia maniqueísta entre ‘opressores’ e ‘oprimidos’.”
“Lula é incapaz de condenar o Hamas como um grupo terrorista, mas equipara o governo de Israel ao nazismo”, afirma o Estadão.
Lula criticou autoridade da ONU
Recentemente, Lula lamentou que a Organização das Nações Unidas (ONU) não tenha autoridade “de fazer com que Israel se sente numa mesa para conversar ao invés de só saber matar”.
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Mas, só para ficar na história recente, desde os Acordos de Oslo de 1993, Israel cumpriu suas obrigações, concedeu territórios ocupados em Gaza e no Líbano, e o resultado foi mais terrorismo e ataques aos seus cidadãos.
“Enquanto os palestinos não tiverem um lar e autonomia para governá-lo, Israel não estará seguro e sua democracia não será plena”, diz a publicação.
“Ainda assim, Israel é a rigor a única democracia no Oriente Médio, e o único Estado genuinamente laico, que reconhece direitos iguais às mulheres e abriga cerca de um quinto da população de árabes, com plenos direitos políticos”, acrescenta.