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PT diz que apagão em Cuba foi causado pelos EUA para “jogar povo contra o governo”

Foto – Ricardo Stuckert/Secom

PT diz que apagão em Cuba foi causado pelos EUA para “jogar povo contra o governo”

A Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT para “formação política e de conhecimento”, afirmou nesta quinta (24) que o recente apagão de energia elétrica em Cuba foi causado pelo bloqueio comercial imposto pelos Estados Unidos para colocar a população contra o governo e mudar o atual regime ditatorial.

O país caribenho ficou quatro dias às escuras por, entre outros motivos, uma falha em uma central termelétrica na cidade de Matanzas, na região Oeste da ilha. Segundo a União Elétrica Estadual, a escassez de combustível importado e as repetidas falhas nas estruturas já bastante obsoletas – afetadas pelo bloqueio econômico dos Estados Unidos – também são apontadas como causas dos sucessivos apagões que Cuba vem sofrendo nos últimos meses.

“O bloqueio causa estes e outros sofrimentos à população cubana, com o objetivo declarado de tentar provocar uma ‘mudança de regime’, ou seja, jogar o povo cubano contra o governo”, disse a Fundação Perseu Abramo em nota.

A entidade de “formação política” do PT afirma que o apagão virou notícia no mundo sem se explicar “o motivo de fundo da falta de energia elétrica”. O bloqueio econômico dos Estados Unidos teria “agravado nos últimos anos” a situação energética de Cuba, e que isso “explica a gravidade dos problemas de manutenção e de fornecimento de combustível”.

“É preciso denunciar o bloqueio, é preciso exigir o fim do bloqueio. Mas também é necessário solidariedade, que ajude Cuba a conseguir, imediatamente, combustível, alimentos e divisas”, segue a Fundação.

Este último apagão levou os cubanos às ruas em protestos por todo o país contra o governo, e que fizeram o presidente Miguel Días-Canel ameaçar a população com “rigor” contra os que tentarem “provocar perturbações da ordem pública”. Foram registradas mobilizações e panelaços na capital Havana e nas províncias de Santiago de Cuba e Villa Clara.

Os protestos antigoverno desta semana não são novidade e se somam a um realizado em 17 de março na cidade de Santiago de Cuba, um dos maiores já registrados junto do de 11 julho de 2021 em cerca de 50 cidades. Neste último, 1,3 mil pessoas foram detidas, dezenas ficaram feridas e uma morreu.

A Fundação Perseu Abramo ainda pediu que “todos os setores democráticos e progressistas do Brasil, que todos os governos latino-americanos e caribenhos, que os países envolvidos nos Brics se engajem nesta campanha de solidariedade [de auxílio à ilha]”.

Além da Fundação, a própria presidente do PT, Gleisi Hoffmann, cobrou recentemente “ações concretas” do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ajudar Cuba, que havia sido atingida pelo furacão Oscar, que também agravou o apagão da ilha.

“Mesmo sofrendo seis décadas com um bloqueio econômico cruel, imposto pelos EUA, o povo cubano sempre deu a mão a quem precisa, inclusive a nós, no Brasil. É hora de retribuir com doações de alimentos, roupas, dinheiro, o que for possível”, disse.

A suspensão do bloqueio econômico a Cuba é um pedido constante de Lula, que já chegou a classifica-lo como “ilegal” e “injustificado”.

“É injustificado manter Cuba em uma lista unilateral de Estados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis”, disse Lula durante o discurso na Assembleia Geral da ONU, no mês passado.

A diplomacia brasileira tem histórico de oposição a embargos econômicos, entretanto, em 2019, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), votou a favor do embargo econômico, comercial e financeiro a Cuba durante a Assembleia Geral da ONU.

Apesar da aliança entre Lula e o ditador cubano, Miguel Díaz-Canel, a presidente do PT cobrou ações mais contundentes do governo federal para apoiar Cuba. “E nosso governo também precisa entrar nessa corrente, com ações concretas”, escreveu ela”, acrescentou Gleisi.

Lula e Díaz-Canel se reuniram em pelo menos três ocasiões no ano passado: durante a cúpula da Celac, em Buenos Aires, em janeiro; em Paris, em junho; e após a Cúpula de Chefes de Estado e Governo do G77 + China, realizada em Havana, em setembro.

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