Recurso movido por entidades representativas da imprensa e de movimentos de direitos humanos alega que jurista ‘ameaçou a democracia’
A Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) analisará na próxima sexta-feira, 8, um recurso que envolve o jurista Ives Gandra da Silva Martins, acusado de incentivar um golpe de Estado pelas Forças Armadas. A acusação foi feita pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e pelo Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH).
No final do ano passado, a 6ª Turma do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP isentou Gandra de infração.
Contudo, os proponentes recorreram, baseando-se em e-mails de 2017 encontrados no celular do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid. Nos e-mails, Gandra é consultado por um major do Exército sobre questões jurídicas relacionadas aos Poderes Constitucionais.
O julgamento do recurso coincide com as eleições para a nova presidência da OAB-SP, marcadas para o dia 21 deste mês. Angela Gandra Martins, filha de Ives, concorre como vice-presidente na chapa de Caio Augusto Silva dos Santos.
O lado de Ives Gandra
Em documento enviado ao jornal Gazeta do Povo, Gandra afirma que nunca defendeu nenhum tipo de golpe de Estado.
O jurista destacou: “Nunca fui favorável a qualquer golpe de Estado e sempre declarei que não haveria qualquer risco de que ocorresse”.
Ele reforçou sua posição em artigos e em uma carta de 2022 do Conselho Superior de Direito da Fecomercio SP, que preside.
Em vídeo nas redes sociais, Gandra expressou surpresa com o processo. “Estou convencido de que esta é uma tentativa de me atribuir algo que em momento nenhum na vida, democrata que sou pensei”.
Entidades acusam jurista de “ameaçar a democracia”
As entidades acusadoras alegam que Gandra deu suporte jurídico a um plano golpista. Segundo Octávio Costa, da ABI, Gandra violou a ética ao apoiar a teoria do poder moderador das Forças Armadas.
Monica Alkimim, do MNDH, afirmou que a democracia foi ameaçada e que os responsáveis devem ser punidos conforme a lei e a ética profissional.
Uma resposta
Segundo Octávio Costa, da ABI, Gandra violou a ética ao apoiar a teoria do poder moderador das Forças Armadas.
Engraçado: os ministros do supremo falam abertamente que são o poder moderador, porque estas entidades não crescem para cima deles?