Agenda de Vorcaro revela contatos de ministros do STF e de líderes do Congresso

Dono do Banco Master é alvo de investigações sobre fraudes financeiras

As investigações da Polícia Federal (PF) e da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sobre o Banco Master revelaram uma agenda recheada de nomes poderosos. O jornal O Globo divulgou as informações nesta segunda-feira, 15.

Daniel Vorcaro mantinha em seu celular contatos de pelo menos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além de deputados, senadores e um governador. O material chegou à CPI depois da quebra dos sigilos fiscal, bancário e telemático do empresário.

Entre os nomes listados, aparecem os ministros Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Kassio Nunes. Além de figurar na agenda, Toffoli é o relator do inquérito que investiga o Master.

Ele decretou sigilo no processo e centralizou as apurações no STF dias depois de ter viajado ao Peru em jato privado acompanhado do advogado de um diretor do banco.

Em decisão recente, Toffoli também retirou da CPI o acesso ao conteúdo da quebra de sigilo do empresário, incluindo extratos bancários e mensagens de WhatsApp.

Em nota, o gabinete do ministro informou que a defesa de Vorcaro havia solicitado a anulação das medidas, o que foi negado. No entanto, os documentos foram encaminhados à presidência do Senado, onde devem permanecer sob custódia até nova deliberação do STF.

O presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), criticou a decisão. Ele classificou a medida como “grave” e afirmou que ela prejudica o andamento da investigação e mina a confiança da sociedade nas instituições.

Agenda revela contatos com Moraes, Lira e outros do alto escalão

Moraes teve o nome associado a um contrato entre o Master e o escritório de advocacia de sua mulher, Viviane Barci. Segundo documentos apreendidos, o valor mensal do contrato era de R$ 3,6 milhões.

Kassio Nunes, também listado, afirmou que não tem vínculo com Vorcaro. Segundo ele, o número pessoal ficou amplamente conhecido desde sua sabatina no Senado em 2020.

A rede de contatos de Vorcaro também se estendia ao Congresso. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL), aparecem na agenda do banqueiro.

Motta não se pronunciou. Lira alegou não manter nenhuma relação com Vorcaro, lembrando apenas de dois encontros institucionais.

No Senado, o nome do empresário reapareceu em uma emenda que ficou conhecida nos bastidores como “emenda Master”. Em 2024, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) propôs ampliar de R$ 250 mil para R$ 1 milhão a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito para produtos como CDB — principal modalidade de investimento do banco. A proposta não avançou.

Ibaneis Rocha surge nas tratativas do negócio bilionário com o BRB

Outro nome envolvido é o do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Vorcaro dizia que, durante as tratativas para vender o banco ao Banco de Brasília (BRB), o governador fez consultas sobre seu histórico e recebeu boas referências.

Isso teria destravado uma operação de R$ 12,2 bilhões com a instituição pública. Ibaneis negou a história, mas confirmou que o número de telefone poderia constar na agenda do empresário por conta das negociações.

A PF revela que o Master arquitetou operações fraudulentas como forma de escapar da fiscalização do Banco Central (BC). A investigação menciona uma rede de proteção construída com base em “camaradagem” política.

O BC liquidou o Master em novembro. Vorcaro chegou a ficar preso por nove dias. No entanto, recebeu liberdade com uso de tornozeleira eletrônica.

Crédito Revista Oeste

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