Alckmin: decreto que abre caminho para retaliar os EUA sai até terça

Vice-presidente Geraldo Alckmin também indicou que o governo continuará buscando reverter o tarifaço de Trump e acionará a OMC

Ao deixar a inauguração do viaduto de Francisco Morato, em São Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou, neste domingo (13/7), que o governo federal editará o decreto que regulamenta a lei de reciprocidade econômica até terça-feira (15). Com isso, o Brasil será capaz de adotar medidas proporcionais contra o tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos.

“O Congresso Nacional aprovou uma lei importante chamada de reciprocidade dizendo: ‘Olha, o que tarifar lá, tarifa aqui’. Esta lei permite não só questões tarifárias, mas também não tarifárias. Ela precisa ser regulamentada. A regulamentação, que é por decreto, deve estar saindo amanhã ou terça-feira”, disse.

Alckmin indicou que o governo continuará buscando reverter a taxação, que classificou como “inadequada”, e que acionará a Organização Mundial do Comércio (OMC).

O vice-presidente também comentou sobre o grupo de trabalho criado para analisar alternativas de negociação e eventuais retaliações. Segundo ele, o governo pretende ouvir o setor privado para avaliar os impactos econômicos da medida trumpista.

“Temos 200 anos de amizade com os Estados Unidos, então não justifica [taxar]. O mundo econômico precisa de estabilidade e de previsibilidade. Nós precisamos de previsibilidade, então nós vamos trabalhar para reverter”, concluiu.


Entenda a Lei da Reciprocidade Econômica

  • O presidente Lula sancionou a Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil adotar medidas proporcionais contra outros países ou blocos econômicos que aplicam ações de forma unilateral e que prejudicam a atividade econômica brasileira.
  • A legislação foi aprovada no Congresso Nacional depois que Donald Trump sobretaxou em 10% os produtos brasileiros, em abril deste ano, e em 25% o aço e o alumínio vendidos pelo Brasil ao mercado norte-americano.
  • Pela lei, o Brasil poderá aplicar impostos adicionais sobre importações de bens norte-americanos, suspender concessões comerciais e contratos de investimentos, além de suspender as obrigações relativas à propriedade intelectual dos Estados Unidos, para minimizar os impactos domésticos.
  • Segundo estabelecido no texto, antes que as medidas mais duras sejam adotadas, é necessário realizar consultas diplomáticas e tentar medidas provisórias de emergência.

Brasil é principal alvo do tarifaço

Desde segunda-feira (7), Trump tem notificado oficialmente os países sobre a implementação de tarifas unilaterais na importação de produtos e bens. Até o momento, 24 parceiros comerciais foram taxados.

O Brasil foi o maior prejudicado pela sanção comercial de Trump, com uma tarifa de 50%. Em resposta, o governo brasileiro defendeu a soberania nacional e se mostrou aberto para negociar com os norte-americanos.

Com o tarifaço, diversos setores produtivos podem ser afetados, com destaque para agricultura e indústria de produção. De acordo com dados oficiais, cerca de 12% das exportações brasileiras têm como destino o mercado norte-americano.

Entre os principais produtos exportados para os EUA estão: óleos brutos de petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja, carne bovina, aeronaves e máquinas para o setor de energia.

Caso os países não cheguem a um acordo até 1º de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não descartou a possibilidade de aplicar o princípio da reciprocidade, previsto na Lei de Reciprocidade Econômica.

Confira a lista dos afetados pelo tarifaço:

  1. Brasil: 50%
  2. Laos: 40%
  3. Myanmar: 40%
  4. Camboja: 36%
  5. Tailândia: 36%
  6. Bangladesh: 35%
  7. Sérvia: 35%
  8. Indonésia: 32%
  9. África do Sul: 30%
  10. Argélia: 30%
  11. Bósnia e Herzegovina: 30%
  12. Iraque: 30%
  13. Líbia: 30%
  14. México: 30%
  15. União Europeia: 30%
  16. Sri Lanka: 30%
  17. Brunei: 25%
  18. Cazaquistão: 25%
  19. Coreia do Sul: 25%
  20. Japão: 25%
  21. Malásia: 25%
  22. Moldávia: 25%
  23. Tunísia: 25%
  24. Filipinas: 20%

*Todas as tarifas entram em vigor a partir de 1º de agosto.

Crédito Metrópoles

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