Assessor de Lula diz que Trump está atacando o multilateralismo para fazer os próprios acordos bilaterais. Leia na Gazeta do Povo.
O embaixador Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusou o presidente norte-americano Donald Trump de demolir a ordem mundial que estava estabelecida até ele ser eleito novamente nos Estados Unidos, no ano passado.
O ataque foi feito em meio ao avanço da ofensiva do país contra o Irã desde o final de semana que, na visão dele, é reflexo das sucessivas decisões que Trump vem adotando contra o multilateralismo no mundo.
“O que eu vejo hoje é um ataque à ordem mundial, acabou. Não tem mais a ordem mundial na parte de paz e segurança e na questão comercial. […] Tudo se resolve bilateralmente com os Estados Unidos, isso acaba com o sistema multilateral. Tudo o que os Estados Unidos fizeram no final da Segunda Guerra [Mundial] está sendo demolido”, disse Amorim em entrevista à GloboNews nesta segunda (23).
Celso Amorim afirma que a entrada dos Estados Unidos em um conflito que era restrito a Israel e Irã é uma “contínua desmoralização do sistema internacional” que, na visão dele, já estava ocorrendo em relação ao comércio. Para o embaixador – um dos principais conselheiros de Lula – Trump violou a carta da Organização das Nações Unidas (ONU) que proíbe ataques preventivos, e está levando outros países junto.
Embora acredite que o conflito não se generalizará como ocorreu com as duas primeiras guerras mundiais, Amorim afirma que esse conflito tem um grande potencial de alastramento para além do Oriente Médio.
“Inevitavelmente vai acabar envolvendo outros países, não sei como será em cada um. Mas, isso não é uma questão que vai ficar como se fosse um ataque ao outro. […] Isso tem um potencial enorme de alastramento”, pontuou.
O embaixador, no entanto, disse não esperar que as duas maiores potências nucleares do planeta – Estados Unidos e Rússia – utilizem seus grandes armamentos junto de seus aliados. Mas, reforçou que os dois principais conflitos em andamento – tanto de Israel contra o Hamas e da Rússia contra a Ucrânia – têm uma forte ligação um com o outro.
Ele ainda vê como “muito difícil” que a diplomacia consiga resolver a guerra entre Israel e Irã, mas acredita que, apesar do conflito e do desmantelamento, os países do Brics podem sair fortalecidos.
“Certamente, também se poder ter o lado, dentro dessa coisa negativa, de estimular os Brics a propor uma nova ordem mundial mais justa”, completou.
Os Estados Unidos se juntaram oficialmente a Israel no último sábado (21) ao atacarem três instalações nucleares no Irã, além de dar um ultimato para que o governo dos aiatolás negocie um acordo de desarmamento nuclear. No entanto, o país reagiu e promoveu novos ataques a Israel e a bases militares americanas no Oriente Médio desde então.
Como reflexo, o governo brasileiro acusou os Estados Unidos de violarem a “soberania do Irã e o direito internacional” e acusar o país de colocar os iranianos pelo risco de vazamento de material radioativo contra a população.
Crédito Gazeta do Povo