Após ser levado a uma delegacia em Torano Castello, na Itália, o ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, criticou Moraes, afirmando ser hoje “o maior inimigo dele”. A condução foi realizada para imposição de medidas cautelares contra Tagliaferro, no âmbito do processo de extradição contra ele, em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF).
A declaração foi dada em entrevista a Paulo Figueiredo, em seu canal no YouTube. Segundo Tagliaferro, o procedimento na delegacia italiana, na última quarta-feira (1º), foi tranquilo e a liberação ocorreu no mesmo dia. Disse, inclusive, ter sido tratado “muito melhor do que em diversos locais do próprio Brasil”.
“A gente até fica um pouco ansioso quando chega um, no caso aqui um carabiniere [semelhante a um policial militar no Brasil], mas foi tudo conduzido na plena calma, na tranquilidade”, detalhou o ex-assessor de Moraes.
Ressaltou ainda que não há como escapar do rito italiano. “Na verdade, o rito correto na Itália. Não o rito virtual, o ‘magic’ rito do Alexandre de Moraes”, afirmou. Segundo Tagliaferro, os policiais italianos informaram que o procedimento estava relacionado a um ofício vindo do Brasil, mas não tinham detalhes: “Era cumprimento de uma corte de Catanzaro [na Itália]”.
Tagliaferro contou que os policiais italianos o tranquilizaram. “Falaram que eu voltaria para a casa, para eu ficar despreocupado, que era só para eu ser notificado e mais nada. Identificado, na verdade”. Na delegacia, ele entregou os documentos pessoais, incluindo os passaportes brasileiro e italiano.
Tagliaferro critica Moraes e explica limites impostos pela Justiça italiana
Conforme Tagliaferro, o ofício italiano determina a permanência na comarca, mas afirmou que não houve prisão nem outra medida restritiva significativa. “Não tem prisão, nem medida que eu não possa falar na internet, não aprenderam meu celular, nada. Só retiraram os meus documentos para que eu não me ausente da Itália e restringiram minha circulação ao município. Não estou impedido de ir para outro local até mudar de residência, desde que avise a própria justiça italiana”, explicou.
Tagliaferro enfatizou que não cometeu crime e criticou Moraes. “Sou somente um golpista na boca do Alexandre de Moraes. Antigamente o maior inimigo dele era Alan dos Santos e você [Paulo Figueiredo]. Agora, acredito, que consegui tomar o lugar de vocês e hoje o maior inimigo dele sou eu, com o maior prazer”, afirmou.
Residente na Itália desde julho, Tagliaferro tem usado o país como base para fazer denúncias contra Moraes, alegando abusos de poder e perseguições a políticos e influenciadores de direita.
Ele garantiu que não está na lista da Interpol: “Tenho uma informação de governo, porém de forma extraoficial, que eu não estou e que parece que ele [Alexandre de Moraes] tentou me colocar na Interpol, mas a Interpol negou a inclusão no alerta vermelho”.
O ex-assessor acusa Moraes de utilizar a estrutura do TSE para embasar relatórios em inquéritos conduzidos no Supremo Tribunal Federal (STF) e critica a atuação da Corte Eleitoral, especialmente durante as eleições de 2022, quando trabalhou como assessor. Neste ano, Tagliaferro compareceu remotamente a sessões na Câmara dos Deputados e no Senado para apresentar suas denúncias.
Moraes solicitou a extradição de Tagliaferro, alegando que ele vazou informações sigilosas e atuou em benefício de interesses políticos. O advogado dele, Eduardo Kuntz afirmou que a defesa adotará todas as medidas jurídicas cabíveis, no Brasil e na Itália, para esclarecer os fatos.