Artigo – É possível evitar o declínio da Europa?

Por Karina Mariani

França e Alemanha já não podem liderar nada, e, consequentemente, a Europa também não

Estamos vivendo a era do ceticismo global. Essa mudança de ciclo ideológico, marcada pela rejeição dos partidos políticos tradicionais e de seus projetos de poder, está apenas começando a mostrar sua força e promete se expandir. O desprezo pela classe política mundial, que controla os bastidores do “sistema” há décadas, caminha lado a lado com a frustração generalizada em relação a esse sistema, que foi degradado, corrompido e usado como instrumento de crime. Na Europa, no entanto, essa classe política ultrapassou todos os limites de horror. Eles destruíram a Europa, exploraram-na, saquearam-na, envergonharam-na… e agora farão qualquer coisa para se agarrar aos poucos destroços que ainda flutuam.


O avanço do ceticismo político na Europa

O ceticismo na Europa, expresso em votos, moldará a política ocidental nos próximos anos. Em 2025, com eleições marcadas em vários países europeus, a direita lidera as pesquisas e tem o apoio popular. Contudo, os partidos de Estado — que mudam de ideologia conforme a tendência — há anos manipulam instituições para moldar os sistemas eleitorais a seu favor. Desde os pactos de Sánchez com o terrorismo, passando pelas manobras antidemocráticas de Macron, os segredos obscuros de Starmer até os escândalos de Von der Leyen, os partidos tradicionais usam sua habilidade para se manter no poder em nome de uma “institucionalidade” que eles próprios corrompem.


França e Alemanha: pilares em ruínas

Nas recentes eleições gerais da União Europeia, tais manipulações garantiram um controle temporário do poder. No entanto, poucos meses depois, França e Alemanha — os dois pilares do bloco — enfrentam cataclismos políticos e sociais que minam qualquer suposta estabilidade conquistada. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, conhecida por sua habilidade tecnocrática e amplamente criticada, prometeu resolver as crises que ela mesma ajudou a criar com termos vagos como “diálogo estratégico” e “Livro Branco”.

Tanto França quanto Alemanha enfrentam economias deficitárias ou estagnadas, desafios demográficos, custos elevados de energia e pouca capacidade de defesa. Além disso, enfrentam o problema da imigração descontrolada, resultado de um projeto político que tentou integrar múltiplos continentes em um só. Isso criou grupos isolados, que preservaram os piores aspectos de suas culturas de origem, sustentados por sistemas de bem-estar social. Agora, a reação contra essas políticas gera instabilidade.


A crise alemã

O chanceler Olaf Scholz perdeu o voto de confiança no Bundestag, forçando eleições antecipadas em fevereiro de 2025. A Alemanha chega a essas eleições como a economia de pior desempenho na Europa, com crescimento de 0% em 2024 e previsão de apenas 0,8% para 2025. Suas políticas energéticas e geopolíticas desastrosas colapsaram a cadeia de suprimentos, gerando uma crise imobiliária sem precedentes e um declínio no setor automotivo. Com altos custos de energia, o país perdeu sua base industrial, especialmente nos setores químico e automotivo. A crise da Volkswagen é a metáfora perfeita para a decadência alemã.


O impasse francês

A França também enfrenta um cenário sombrio. A Assembleia Nacional paralisou as aspirações orçamentárias do governo, e o FMI prevê quase estagnação econômica para 2025. A competitividade do país é minada por sindicatos mafiosos e um sistema previdenciário inviável. Emmanuel Macron, mesmo assim, insiste em se manter no poder, apesar da crescente oposição.


A Europa em declínio

A disparidade de crescimento entre a zona do euro e os Estados Unidos é alarmante, especialmente no setor tecnológico. As principais empresas do setor são americanas ou chinesas, enquanto apenas quatro são europeias. Além disso, a Europa tornou-se dependente da segurança fornecida pelos EUA.

Enquanto isso, crises como a ameaça da Rússia encontram a Europa impotente, desarmada e dividida. França e Alemanha, que já foram líderes, não conseguem mais liderar nem a si mesmas. Burócratas europeus parecem mais preocupados em censurar Elon Musk do que em resolver questões fundamentais como energia e logística.


Reino Unido em decadência

O Reino Unido, por sua vez, afunda em ignomínia. O Partido Conservador traiu os mandatos do Brexit, levando à sua expulsão do poder e à ascensão do Partido Trabalhista. O governo trabalhista rapidamente perdeu popularidade devido a sua ineficiência econômica, moralidade questionável e políticas administrativas autoritárias. Revelações sobre décadas de cumplicidade do sistema de justiça com gangues islamistas que abusaram de meninas mostram a podridão da institucionalidade britânica, desde a polícia até a classe política e a casa real.


A crise do “centro político”

O desprezo pelos políticos tradicionais europeus é compreensível. A ira contra a classe política ainda não explodiu em toda sua intensidade, mas os eleitores observam a resiliência de Donald Trump, que volta ao poder nos Estados Unidos, após anos de ataques das elites políticas, midiáticas e corporativas. Sua mensagem de oposição ao sistema encontra eco em todo o mundo.

A vitória de Trump é um sintoma de um fenômeno que transcende os EUA e afeta profundamente a Europa. Com o “centro político” em crise, eleitores migram para a direita, buscando políticas alinhadas às suas prioridades e rejeitando a obsessão das elites com agendas progressistas. Muitos europeus veem no retorno de Trump um triunfo do cidadão comum e começam a pedir um movimento semelhante: “Vamos tornar a Europa grande novamente”.

Por outro lado, as elites políticas e burocráticas europeias estão aterrorizadas. Sem narrativa ou credibilidade, é improvável que sobrevivam à demanda por mudanças inspiradas pelo retorno de Trump. A questão que permanece é: haverá uma direita forte o suficiente para liderar essa mudança?

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