O bispo Dom Adair José Guimarães, conhecido por suas críticas ao cenário político brasileiro, declarou recentemente que o país vive em uma “ditadura”, levantando questões sobre a imparcialidade e a severidade das punições aplicadas aos presos do dia 8 de janeiro. Suas palavras trouxeram à tona um debate que envolve justiça, direitos humanos e igualdade perante a lei.
Uma Crítica à Desproporcionalidade das Penas
Em seu pronunciamento, Dom Adair destacou a discrepância entre as sentenças aplicadas a indivíduos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e outros casos de corrupção amplamente conhecidos. Ele citou, como exemplo, uma mulher condenada a 17 anos de prisão por conta de sua participação nos eventos, enquanto a esposa de um político do Rio de Janeiro, que cumpria uma sentença de mais de 80 anos por corrupção, já foi libertada sob o argumento de cuidar de seus filhos.
“Como pode uma mãe, por causa de um batom, pegar 17 anos, tendo dois filhos pequenos. Mas a esposa do corrupto do RJ, que pegou mais de 80 anos, já está solta por causa dos filhos.”
Essa comparação evidenciou, segundo o bispo, o que ele considera um uso político da justiça para punir adversários, enquanto outros crimes, de maior gravidade, recebem tratamentos mais brandos.
A Defesa dos Presos de 8 de Janeiro
Dom Adair argumenta que os presos de 8 de janeiro estão sendo tratados de forma injusta e desumana. Para ele, a condenação desses indivíduos reflete uma postura autoritária que ignora princípios básicos de direitos humanos e proporcionalidade penal.
“Não se pode tratar aqueles que expressaram suas opiniões políticas, ainda que de forma errada, como criminosos de guerra. A justiça deve ser igual para todos.”
O bispo também alertou para o impacto dessas prisões nas famílias dos condenados, especialmente nos casos em que mães e pais estão sendo separados de seus filhos pequenos.
Ditadura ou Justiça?
Ao afirmar que o Brasil vive em uma “ditadura”, Dom Adair não está apenas se referindo ao tratamento dos presos de 8 de janeiro, mas também ao ambiente político geral. Ele menciona a falta de liberdade de expressão, a censura a opiniões divergentes e a atuação de instituições que, segundo ele, estariam agindo de forma parcial para beneficiar um lado político específico.
“Estamos vendo uma justiça seletiva, onde amigos do poder são protegidos e adversários são perseguidos. Isso é inaceitável em um país que se diz democrático.”
Impacto das Declarações
As palavras de Dom Adair rapidamente repercutiram nas redes sociais, dividindo opiniões. Grupos que defendem os presos de 8 de janeiro elogiaram sua coragem em abordar um tema polêmico e apontar as desigualdades do sistema de justiça brasileiro. Por outro lado, críticos argumentam que a fala do bispo pode minimizar a gravidade dos atos cometidos durante a invasão de prédios públicos em Brasília.
Um Chamado por Justiça e Proporcionalidade
Dom Adair concluiu seu posicionamento reforçando a necessidade de um sistema judicial imparcial e igualitário:
“A justiça deve ser um pilar da democracia, e não um instrumento de vingança. Precisamos tratar todos com dignidade, sem exceções ou privilégios.”
Com essas declarações, o bispo se junta a um coro crescente de vozes que pedem uma reavaliação das penas impostas e uma reflexão mais ampla sobre o papel das instituições no Brasil atual. O debate sobre o equilíbrio entre justiça e autoritarismo está longe de terminar, e declarações como essa ajudam a manter o tema em pauta.