As ações dos Estados Unidos saltaram na manhã desta terça-feira após uma sequência de quedas acentuadas, enquanto nações ao redor do mundo correm para negociar com o presidente Donald Trump a respeito da série de tarifas “recíprocas” impostas recentemente.
O índice Dow Jones Industrial Average subiu 1.238 pontos, ou 3,2%, após perder mais de 3.500 pontos desde a última quarta-feira, em meio ao pânico dos investidores com os impostos do “Dia da Libertação” de Trump — medida que, segundo economistas, poderia reacender a inflação e até desencadear uma recessão.
O S&P 500 subiu 3,3%, e os futuros do Nasdaq 100 avançaram 3,6% após relatos de negociações em diversos países e possíveis concessões de grandes parceiros comerciais.
Wall Street enfrentou forte volatilidade depois que Trump anunciou seu pacote mais abrangente de tarifas até o momento, incluindo um imposto básico de 10% sobre todas as importações que entrou em vigor no fim de semana, além de tarifas ainda mais duras para várias nações, programadas para entrar em vigor na quarta-feira.
Economistas alertaram que as tarifas podem reacender a inflação, já que muitos produtores provavelmente repassarão ao consumidor parte do custo adicional com impostos de importação.
JPMorgan e Goldman Sachs aumentaram suas previsões de recessão para 60% e 45%, respectivamente, após o colapso das ações, com perdas consideradas as piores desde a pandemia de COVID-19.
Os mercados foram duramente atingidos na manhã de segunda-feira depois que o presidente sinalizou, durante o fim de semana, que suas tarifas não seriam revogadas tão cedo. Mas as notícias de conversas comerciais com vários países reacenderam nesta terça-feira a esperança de que os impostos pesados possam ser reduzidos por meio de negociação.
Trump revelou, em uma postagem no Truth Social na tarde de segunda-feira, que conversou com o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba naquela manhã.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou posteriormente que Trump pediu a ele e ao representante comercial dos EUA que “abrissem negociações” com Ishiba e seu gabinete, e que ele foi encarregado de liderar as conversas comerciais com o Japão — que enfrenta uma tarifa de 24% do “Dia da Libertação”.
“O Japão continua entre os aliados mais próximos da América, e estou ansioso para nosso engajamento produtivo sobre tarifas, barreiras comerciais não tarifárias, questões cambiais e subsídios governamentais”, disse Bessent em uma publicação na rede social X.
A Indonésia também demonstrou pressa para negociar antes que a tarifa de 32% imposta por Trump ao país entre em vigor na quarta-feira.
A nação do Sudeste Asiático planeja enviar uma delegação de alto nível aos EUA na próxima semana em busca de um acordo, mas nesta terça-feira já anunciou várias concessões, incluindo o aumento de compras dos EUA e a redução de impostos de importação.
A Indonésia planeja comprar gás liquefeito de petróleo, gás natural liquefeito e soja dos EUA, segundo o ministro-chefe da Economia, Airlangga Hartarto, durante reunião sobre a resposta às tarifas.
O país também pretende reduzir os impostos de importação sobre aço, produtos de mineração e equipamentos médicos dos EUA, bem como sobre eletrônicos, celulares e laptops de qualquer país, conforme detalhou a ministra das Finanças, Sri Mulyani Indrawati.
Ela indicou haver margem de negociação para que a Indonésia substitua países como Vietnã, Bangladesh, Tailândia e China como fonte proeminente de exportações para os EUA.
O Vietnã também ofereceu novas concessões depois que o assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou que a proposta inicial de eliminar tarifas sobre os EUA não era suficiente.
“Quando eles [o Vietnã] vêm até nós dizendo ‘Vamos a zero tarifa’, isso não significa nada para nós, porque o que importa são as trapaças não tarifárias”, disse Navarro ao programa “Squawk Box” da CNBC.
Ainda assim, os investidores receberam com alívio a possibilidade de que o país parceiro evite a tarifa de 46% de Trump. Na noite de segunda-feira, o Vietnã se comprometeu a comprar mais produtos dos EUA, inclusive na área de segurança e defesa, na tentativa de obter uma suspensão de última hora sobre o imposto.
“O Vietnã vai se aproximar e negociar com os EUA para alcançar um acordo bilateral, caminhando para um equilíbrio comercial sustentável”, disse o primeiro-ministro Pham Minh Chinh em comunicado.
O país também “continuará comprando mais produtos americanos pelos quais temos demanda e nos quais os EUA são fortes, incluindo produtos relacionados à segurança e defesa; e promoverá a entrega antecipada de contratos comerciais de aeronaves”, acrescentou o premiê.
O Vietnã solicitou a Trump um adiamento de pelo menos 45 dias para a nova tarifa
Uma resposta
Lembro muito bem que você Paulo foi o primeiro jornalista a analisar o que Trump estava planejando ou seja recuperar a indústria americana coisa que foi destruída com a baixa mão de obra Asiática (China), e hoje vejo todos os Jornalistas entenderem e copiarem o que você já tinha analisado . Só lembrando que ontem Trump tinha dado uma trégua de 90 dias sobres às tarifas por ele imposta, não incluído a China .p