Brasil será o responsável por refundar a OMC após tarifaço de Trump, diz chanceler

Ministro afirma que órgão de comércio está “em crise total” e que o Brasil pode ser protagonista na reforma.

O ministro Mauro Vieira das Relações Exteriores, afirmou nesta terça (26) que o Brasil terá papel central na refundação da Organização Mundial do Comércio (OMC) após a crise gerada pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, a entidade encontra-se em “crise total” e paralisada na função de resolver disputas e firmar novos acordos internacionais.

Vieira declarou que a guerra tarifária promovida por Trump colocou as regras do comércio global em retrocesso, voltando ao período anterior ao Gatt, o acordo assinado em 1947 que deu origem à OMC.

“Podemos dizer que a Ordem Mundial, como a conhecemos, ou melhor, como a conhecíamos, está sendo desmontada, e justamente por aqueles que mais diretamente contribuíram para sua formação”, afirmou em um evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Mauro Vieira afirma que os Estados Unidos têm buscado alternativas fora dos organismos multilaterais, enfraquecendo o sistema que eles mesmos ajudaram a construir. O Brasil, segundo o ministro, pretende ocupar a liderança nesse processo de reconstrução, reafirmando a defesa pelo multilateralismo e pelas instituições internacionais.

“Seguiremos resistindo a essas pressões ao mesmo tempo que insistiremos no respeito às nossas instituições e à nossa soberania. Sem jamais abrir mão da disposição para o diálogo”, ressaltou.

Na semana passada, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acionou os Estados Unidos na OMC em reação ao tarifaço de 50% impostas por Trump aos produtos brasileiros exportados para lá. A iniciativa tem caráter simbólico, já que a instância máxima da organização está paralisada e dificilmente trará efeito prático imediato.

Vieira também deixou claro que qualquer negociação entre Brasil e Estados Unidos em relação à sobretaxa somente ocorrerá sem interferência em temas internos do país. Trump havia citado o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao justificar as medidas, o que foi recebido pelo Itamaraty como uma pressão política indevida.

“Trata-se de medida expressamente adotada por razões políticas relacionadas com o processo envolvendo o ex-presidente da República e seus principais assessores por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Essa questão configura tema interno e soberano do Brasil, conduzida no âmbito do poder judiciário e em reação a qual não há qualquer possibilidade de interferência da parte do poder executivo”, ressaltou.

Um pouco mais cedo, o presidente Lula criticou o impacto global das medidas de Trump, afirmando que ele age “como se fosse imperador do planeta Terra”.

O petista destacou que seu governo mantém portas abertas para o diálogo e que seus ministros estão preparados para negociar “24 horas por dia”, mas sempre em defesa da soberania nacional e das regras internacionais de comércio.

Crédito Gazeta do Povo

compartilhe
Facebook
Twitter
LinkedIn
Reddit

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *