Braskem conseguiu autorização de reguladora e planeja iniciar operações de cabotagem em breve
A Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, está entrando no ramo de navegação. A empresa obteve aprovação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para se tornar uma Empresa Brasileira de Navegação (EBN) e planeja iniciar operações de cabotagem em breve.
Inicialmente, a Braskem transportará líquidos e gases das unidades no Nordeste, no Sudeste e no Sul, além de PVC e soda cáustica de Alagoas. A expectativa é economizar R$ 10 milhões por ano e aumentar a eficiência e controle logístico, segundo a diretora de Logística de Olefinas, Silvia Pires Migueles, em entrevista exclusiva ao Estadão.
Em um futuro próximo, a Braskem pretende movimentar produtos de terceiros, especialmente para seus clientes. O início das operações marítimas não inclui, nesse momento, o transporte de resinas plásticas, que continua a ser feito, na maior parte, por caminhões de várias transportadoras.
O gerente de logística da Braskem, Eduardo Ivo Cavalcanti, afirma que a empresa gasta entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões por ano com cabotagem de líquidos e gases. A companhia opera em Camaçari, São Paulo, Rio de Janeiro, Triunfo e Alagoas, utilizando oito embarcações, incluindo três barcaças na Lagoa dos Patos.
Com a licença da Antaq, a Braskem poderá alugar ou operar navios com tripulação própria. A atividade começará nos próximos meses com o transporte de propeno de Camaçari para o Rio de Janeiro, realizando três cargas mensais.
Cavalcanti explica que anteriormente a Braskem utilizava navios com tripulação estrangeira, o que aumentava os custos devido à necessidade de renovação de vistos a cada três meses. “A criação da EBN altera esse fluxo e facilita nossa programação”, disse, em entrevista ao Estadão.
Braskem vai coordenar operação marítima da Holanda
A Braskem Trading & Shipping (BTS), sediada na Holanda, coordenará a operação marítima e avaliará a estratégia de movimentação de produtos e matérias-primas.
Além disso, a Braskem Idesa está construindo um terminal no México para receber etano norte-americano, com investimento de US$ 500 milhões, previsto para conclusão em fevereiro de 2025.
A operação brasileira poderá ter a própria frota de navios no futuro, mas isso será feito gradualmente e após avaliação da BTS.
“O nosso objetivo com a EBN é operar com embarcações modernas, mais eficientes e movidas por combustíveis limpos”, afirma Cavalcanti.
Migueles destaca que a Braskem, controlada pela Novonor (ex-grupo Odebrecht), está entre as três maiores companhias do Brasil em movimentação de carga por cabotagem.
“Em 2017, não movimentávamos nem 10 mil toneladas por mês”, lembra, mencionando a greve dos caminhoneiros como um incentivo para diversificar os modos de transporte.
“Somente de resinas, movimentamos quase 8 milhões de toneladas por ano”, informou ao jornal. Contudo, a empresa ainda não avançou no transporte ferroviário. Segundo ele, companhias de cabotagem como Aliança, Log-in, Mercosul e Norcoast oferecem soluções porta-a-porta.