Bloco cita riscos da apropriação indevida de conteúdos, inclusive no treinamento de inteligências artificiais
A declaração final da cúpula de chefes de Estado do Brics, realizada neste domingo (6.jul.2025), no Rio, defende que as empresas de tecnologia remunerem adequadamente os detentores de propriedades intelectuais, inclusive no uso para treinamento de inteligências artificiais.
“Reconhecemos a importância de colaborar na promoção do respeito aos direitos de propriedade intelectual utilizados no ambiente digital, inclusive para fins de treinamento em inteligência artificial, bem como na remuneração justa aos titulares de direitos, respeitando as necessidades e prioridades dos países em desenvolvimento”, diz o comunicado.
Os países do bloco ainda reconheceram que, com o aumento da aplicação da inteligência artificial no mundo, também aumentam os riscos relacionados ao mal uso de conteúdos com direitos autorais.
“Com o aumento da aplicação da IA, reconhecemos os riscos relacionados à apropriação indevida e à deturpação de conhecimento, patrimônio e valores culturais que são insuficientemente representados em conjuntos de dados e modelos de IA.”
Declaração do Rio
A declaração final da cúpula de líderes do Brics, divulgada neste domingo (6.jul.2025), faz um gesto ao Irã ao condenar os ataques recentes ao país persa, mas não faz menção aos Estados Unidos e a Israel, autores dos bombardeios. Preserva também a Rússia, integrante do bloco, ao mencionar o conflito na Ucrânia.
O documento cita Israel 7 vezes, mas em trechos relacionados aos conflitos na Faixa de Gaza, na Síria e no Líbano. Durante as negociações entre os países integrantes do bloco na última semana, os iranianos cobraram um posicionamento mais duro, com apoio de China e Rússia. O país persa passou a integrar o bloco em 2023. Teerã não reconhece o Estado de Israel e normalmente usa expressões como “regime sionista” para se referir ao país judeu.
O endurecimento da declaração, porém, enfrentou resistência de países mais próximos aos Estados Unidos, como Índia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Egito. Esse grupo quis evitar que o bloco, já muito alinhado à China, tivesse um caráter mais anti-ocidental ou anti-Trump.
Em 24 de junho, o Brics emitiu um comunicado conjunto em que condenou os ataques a instalações nucleares iranianas, também sem citar diretamente Estados Unidos ou Israel. Na ocasião, o texto foi publicado horas depois do anúncio de um cessar-fogo entre Irã e Israel. Esse documento serviu como base para a declaração publicada neste domingo. Os iranianos tentaram incluir no documento menções aos 2 países.
Na declaração final, os países do Brics dizem expressar “profunda preocupação” com a escalada da situação de segurança no Oriente Médio, especialmente em relação à questão nuclear.
A cúpula do Brics, realizada em 6 e 7 de julho no Rio, está esvaziada. O evento tem ausências importantes, que tendem a reduzir a repercussão política da declaração final, que é parte da estratégia de protagonismo internacional de Lula.
Quatro chefes de Estado não vieram ao Brasil:
- China – presidente Xi Jinping;
- Rússia – presidente Vladimir Putin;
- Irã – presidente Masoud Pezeshkian;
- Egito – Abdel Fattah el-Sisi.
Enquanto o Brics evita citar os Estados Unidos e seu presidente, Donald Trump, o republicano já ameaçou o Brics em fevereiro com tarifas comerciais caso o dólar fosse abandonado nas transações comerciais entre os países integrantes.
Crédito Poder360