Foto – David McGlynn
A campanha de Harris-Walz direcionou cerca de US$ 500 mil para a organização sem fins lucrativos do Rev. Al Sharpton, a National Action Network, antes de uma entrevista descontraída entre a vice-presidente Kamala Harris e o ativista dos direitos civis na MSNBC.
Registros da Comissão Federal de Eleições mostram que a equipe de Harris fez duas doações de US$ 250 mil à organização de Sharpton, em 5 de setembro e 1º de outubro. Esses pagamentos fazem parte de um total de US$ 5,4 milhões destinados a várias organizações de ativistas negros e latinos, numa tentativa de mobilizar o apoio entre eleitores das minorias. A Washington Free Beacon foi a primeira a relatar essas doações.
Os registros de financiamento de campanha disponíveis cobrem até meados de outubro e ainda não revelam os gastos da equipe de Harris no final do ciclo eleitoral de 2024.
Em 20 de outubro, quase três semanas após as doações, Harris participou de uma entrevista com Sharpton no programa “PoliticsNation”, da MSNBC. Durante o bate-papo, Sharpton elogiou Harris, comparando-a a Shirley Chisholm, a primeira mulher negra eleita para o Congresso, que concorreu à presidência em 1972.
Na entrevista, Harris minimizou críticas trazidas por Sharpton, que a chamava de “progressista demais”. A vice-presidente, de saída do cargo, tem uma relação amigável de longa data com Sharpton. No início de outubro, Sharpton exibiu um vídeo de Harris desejando-lhe feliz aniversário e destacando-o como um “líder extraordinário” e uma “voz da verdade”.
Sharpton, no entanto, é uma figura controversa devido a declarações polêmicas sobre raça. Nos anos 1990, ele foi citado chamando judeus de “mercadores de diamantes” e criticando “invasores brancos”.
A campanha de Harris buscava conter a perda de apoio entre minorias, especialmente entre homens. Cerca de 21% dos homens negros e 54% dos homens latinos votaram no presidente eleito Donald Trump, segundo dados da pesquisa de saída da Edison Research. Pesquisas já indicavam uma perda de apoio de Harris entre esses grupos cruciais de eleitores antes da eleição de 5 de novembro.
Questões sobre os gastos da campanha de Harris-Walz têm sido levantadas, considerando que Harris gastou muito mais do que Trump, mas ainda assim perdeu todos os sete estados decisivos para ele.
Até 16 de outubro, a campanha Harris-Walz arrecadou cerca de US$ 1 bilhão e gastou aproximadamente US$ 880 milhões, segundo registros da FEC. Relatórios posteriores indicaram que a campanha terminou a eleição com um déficit de cerca de US$ 20 milhões.
Combinando com os gastos externos, Harris teve mais de US$ 1,6 bilhão apoiando sua campanha até meados de outubro, de acordo com o OpenSecrets. Em comparação, a campanha de Trump arrecadou cerca de US$ 382 milhões, totalizando cerca de US$ 1 bilhão com fundos combinados, segundo o OpenSecrets.
A arrecadação de Harris foi tão expressiva que sua equipe parou de divulgar os números, aparentemente temendo que isso pudesse desencorajar doadores ou dar uma falsa sensação de confiança aos seus apoiadores.
Após a derrota de Harris, foi revelado pelo Washington Examiner que sua campanha gastou US$ 1 milhão em uma das empresas de produção de Oprah Winfrey e cerca de seis dígitos para montar um cenário para a entrevista de Harris no podcast “Call Her Daddy”. Winfrey negou ter recebido qualquer pagamento diretamente, esclarecendo que o valor foi destinado à sua empresa, Harpo Productions.
Além da National Action Network de Sharpton, a campanha de Harris destinou US$ 2 milhões para a National Urban League, US$ 150 mil para a Black Economic Alliance e US$ 120 mil para a Casa in Action, entre outros grupos de ativismo minoritário.