Carla Zambelli diz que atuará na Europa para denunciar ‘abusos do Judiciário’
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) revelou que está fora do Brasil e licenciada do mandato.
No exterior, Zambelli pretende seguir os passos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também enfrenta investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) e, por isso, atua fora do país para denunciar o que classifica como abusos do Judiciário.
“É estranho abrir mão do que sempre foi meu lugar. O lugar que o povo me confiou”, afirma a deputada. “Mas no fundo eu sei que a minha voz vai ecoar ainda mais forte, porque não vai ter mais amarras.”
Embora não tenha revelado o destino, por razões de segurança, a deputada informou que pretende se concentrar na Europa — ela tem cidadania italiana. Segundo Zambelli, o objetivo é criar conexões, estabelecer diálogo com lideranças estrangeiras e, assim, atrair atenção internacional para o que considera perseguição política.
“Não fugi”, afirma Carla Zambelli
Desse modo, a parlamentar afirmou que deixou o Brasil para manter autonomia nas denúncias e apelos por “liberdade”. Ela destaca que não é fugitiva.
“Não fugi”, afirma. “Não há mandado de prisão contra mim.”
Além disso, Zambelli comentou a possibilidade de cassação. Conforme lembrou, qualquer decisão precisa passar, obrigatoriamente, pela Câmara dos Deputados.
“A cassação ainda precisa ser analisada pela Câmara”, disse. “A Câmara pode votar pela rejeição da cassação.”
Críticas ao STF e referência a Daniel Silveira
Na entrevista, a congressista voltou a criticar o Supremo. Como exemplo do que considera abuso de autoridade, mencionou o caso do ex-deputado Daniel Silveira, condenado por declarações contra ministros da Corte. Por esse motivo, Zambelli afirmou que pretende fazer, a partir do continente europeu, um contraponto às decisões do Judiciário.
“Assim, eu posso falar livremente”, disse. “Sempre trabalhei pela liberdade e pela democracia e quero continuar atuando dessa forma.”
Estratégia inspirada em Eduardo Bolsonaro
Na avaliação da congressista, a estratégia internacional é necessária. Ela citou, como referência, o trabalho realizado pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro nos Estados Unidos.
“O que o Daniel [Silveira] tem conseguido fazer pelo país, preso e calado? Se estivesse fora do país, talvez tivesse voz agora”, disse. “Como falo espanhol, inglês e um pouco de italiano, quero fazer isso da Europa. O papel do Eduardo nos Estados Unidos é superimportante e acho que a gente precisa ter uma conexão na Europa também.”
STF
Zambelli responde a uma ação no Supremo por suposta invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Recentemente, a 1ª Turma do STF condenou a deputada à prisão em regime fechado, à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos.
O ministro Cristiano Zanin, presidente da turma, assinou um ofício com a decisão e o encaminhou ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
No que a senhora se baseou para se afastar do mandato e deixar o país?
Decidi pedir licença do mandato. Foi difícil, mas meu coração já sabia faz tempo que esse era o caminho. Eu estava presa ao cargo, com medo de soltar a mão do que conhecia.
Agora sei que preciso dessa liberdade para ser quem sou de verdade. Voltar a ser aquela Carla que nunca se calou e que sempre acreditou que a luta é maior que qualquer cargo. Vou cuidar da minha família, vou seguir firme e vou continuar fazendo o que sempre fiz: lutar sem medo. É estranho abrir mão do que sempre foi meu lugar, mas no fundo eu sei que a minha voz vai ecoar ainda mais forte, porque não vai ter mais amarras… E eu sei que você vai estar comigo, como sempre esteve, me lembrando que é possível recomeçar mesmo quando tudo parece estar desabando.
A senhora se considera uma perseguida política?
Eles [ministros do STF] me ceifaram, mas quando acham que morri, é quando renasço das cinzas — como a fênix. Quando julgam que minha árvore da vida secou, é quando ela mais dará frutos. Nove ministros do STF imaginaram que, ao não ser mais parlamentar, eu seria finalmente combatida e silenciada. Mas o que não esperavam é que, ao me tirarem o cargo, me devolveram algo ainda mais precioso: minha essência de ativista. E é justamente nesse lugar que eu sempre fui mais forte e combativa. Sem as amarras de um mandato, sem precisar me preocupar se minhas palavras vão ferir a vaidade de uma Corte que perdeu seu poder constitucional, posso lutar ainda mais — por aquilo que é certo. Afinal, eles sentem prazer em causar dor, mas eu sinto força em resistir.
Como será sua atuação política a partir da Europa?
Daqui, posso falar livremente. Sempre atuei em defesa da liberdade e da democracia e, por isso, pretendo continuar trabalhando nessa direção, agora em solo europeu. Importante esclarecer: não fugi. Não há mandado de prisão contra mim. Além disso, a cassação ainda precisa ser analisada pela Câmara dos Deputados, que pode votar pela sua rejeição. Enquanto isso, vale refletir: o que o Daniel tem conseguido fazer pelo país, preso e calado? Talvez, se estivesse fora, pudesse ter voz agora. Por fim, falo espanhol e inglês e quero usar esses idiomas como ferramenta a favor da nossa causa. O papel do Eduardo [Bolsonaro] nos Estados Unidos é estratégico — e acredito que precisamos de uma articulação igualmente forte aqui na Europa.
Crédito Revista Oeste