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Rapper e empresário Sean “Diddy” Combs é acusado de comandar uma rede que oferecia homens e mulheres para orgias com celebridades
Sexo, drogas, violência, celebridades e teorias conspiratórias. Estes são os ingredientes que envolvem a prisão do magnata da mídia Sean “Diddy” Combs – e compõem aquele que é considerado, desde já, o escândalo mais explosivo de toda a história de Hollywood.
Conhecido na década de 1990 como Puff Daddy (ele já mudou de apelido diversas vezes ao longo dos anos), o novaiorquino Combs fez uma carreira premiada como rapper antes de se aventurar, com muito êxito, pelo mundo dos negócios.
Tanto que praticamente largou a carreira artística, lançando apenas trabalhos esporádicos e se dedicando mais aos bastidores da indústria do entretenimento – entre outros ramos comerciais, como moda, bebida e produtos de cannabis.
Seu patrimônio líquido é estimado em US$ 600 milhões de dólares, o equivalente a cerca de R$ 3,28 bilhões (uma superestrela como Madonna, por exemplo, possui uma fortuna próxima de US$ 580 milhões).
Mas Diddy não se tornou um investidor discreto, como outros artistas que prosperaram no empreendedorismo. Excêntrico e hedonista, também ficou famoso por promover as festas mais loucas e bem frequentadas do star system.
Mesmo figuras não associadas ao universo da música pop – como o ex-presidente Donald Trump, a apresentadora Oprah Winfrey, o jogador de basquete LeBron James e os príncipes britânicos Harry e William – já foram fotografados em seus eventos, realizados principalmente em Los Angeles, Nova York e Miami.
Nos últimos anos, no entanto, uma série de acusações contra o empresário vieram à tona. As investigações começaram por meio de denúncias anônimas e se intensificaram com relatos de vítimas (incluindo ex-namoradas) que alegavam ter sido exploradas por ele e outros associados.
Até que sua prisão, no último dia 16, revelou um fato perturbador: segundo várias testemunhas, Combs é o principal facilitador de uma vasta rede de tráfico humano, dedicada a fornecer homens e mulheres (maiores ou menores de idade) para orgias secretas frequentadas por figuras da elite hollywoodiana.
De acordo com a promotoria de Nova York, onde Diddy segue detido, o rapper cometeu, durante décadas, os crimes de tráfico sexual, associação ilícita e promoção da prostituição.
O processo ainda traz alguns detalhes escabrosos, como a suspeita de que ele teria mandado incendiar o carro de um artista rival, drogava suas “presas” sexuais para elas serem mais dóceis e mantinha um estoque de mil garrafas de óleo para bebês (a serem usadas como lubrificante íntimo em futuras festas).
Antes de ser encaminhado para o Centro de Detenção Metropolitano, considerado um dos presídios mais rígidos dos EUA, Combs se declarou inocente de todas as acusações. E chegou a propor o pagamento de US$ 50 milhões (quase R$ 274 milhões) para ficar em liberdade até o início do julgamento.
O valor é altíssimo para os padrões do judiciário americano, e ainda assim a fiança foi veemente negada – uma prova de que o caso é muito mais grave do que parecia ser.
Teorias da conspiração associam o rapper até com a morte de Michael Jackson
Uma das suspeitas que recaem sobre Sean “Diddy” Combs dá conta de sua suposta coleção de vídeos incriminadores. Segundos os promotores, ele gravava os bacanais em suas mansões para jamais ser delatado pelos participantes – fossem eles contratados, aliciados ou mesmo convidados.
Essa informação deixou em polvorosa a imprensa de celebridades, que logo tratou de listar os amigos mais próximos do rapper, os maiores habitués de suas mansões e outros famosos já vistos nas festas (nem todas consideradas freak offs, ou seja, “selvagens”, numa tradução livre).
A relação, imensa, inclui estrelas como Leonardo DiCaprio, Ashton Kutcher, o casal Jay-Z e Beyoncé, Naomi Campbell, Taylor Swifit, Mariah Carey, as irmãs Kardashian e até a brasileira Anitta. Todos, no mínimo, conheciam a má fama do anfitrião – porém sempre se mantiveram calados.
Com tanta gente poderosa no mesmo balaio, é inevitável não associar o caso de Combs ao de outro magnata influente, Jeffrey Epstein. Preso em julho de 2019, o financista comandava um esquema de tráfico sexual e exploração de menores que envolvia personagens importantes do cenário político, empresarial e cultural.
O milionário foi encontrado morto em sua cela, enforcado, no mês seguinte. A autópsia revelou várias fraturas em seu pescoço, mas ainda hoje há quem diga que tudo não passou de uma queima de arquivo, pois ele poderia denunciar muita gente em troca da diminuição de sua pena.
Aliás, Diddy, que está encarcerado no mesmo presídio onde Epstein se matou, foi colocado “sob observação contra suicídio”, de acordo as autoridades.
Como no episódio de 2019, os conspiradores de plantão estão deitando e rolando nas redes sociais. A ponto de associar Combs à prisão de Mike Tyson, ao assassinato do rapper Tupac Shakur, ao abuso sexual de ex-artistas mirins e à morte de Michael Jackson por overdose de medicamentos.
O principal passatempo dessa turma, no entanto, é encontrar, em músicas e outros produtos da cultura pop, “avisos” sobre os crimes cometidos por Combs.
Letras antigas de rappers como Kanye West, Eminem, 50 Cent e J. Cole já mencionavam as maldades de Diddy. E mesmo filmes e séries de TV há anos citam seu nome quando o assunto são festas mucho locas.
Teorias conspiratórias à parte (e talvez algumas delas até se confirmem), o fato é que, a exemplo de Epstein, Sean Combs também operava nas sombras das elites globais.
E caso seja condenado à prisão perpétua, como acreditam alguns juristas, poderá ser apenas mais uma estrela caída de um sistema corrompido – o “boi de piranha” da vez, utilizado para desviar a atenção de figuras muito mais poderosas.